A imagem que vem à cabeça ao pensar em um curso para o Enem é uma sala de aula lotada, com um professor passando o conteúdo para centenas de alunos concentrados. No Novo Ensino Médio, esse cenário vai mudar.
Com currículos flexíveis, carga horária ampliada e foco no desenvolvimento de habilidades e competências, o Novo Ensino Médio traz para os últimos anos da educação básica a missão de formar cidadãos protagonistas de seu próprio projeto de vida.
Ao mesmo tempo, as metodologias ativas no Ensino Médio ganham força, com uma proposta centrada no aluno, que traz maior reflexão crítica e engajamento em sala de aula.
Mas como desenvolver as competências necessárias para o séc. XXI e formar candidatos competitivos nos vestibulares do país? Como utilizar metodologias ativas no Ensino Médio? Você vai encontrar respostas para essa questão neste artigo. Boa leitura.
O que é o Novo Ensino Médio?
Nos próximos anos, a educação básica tem pela frente a consolidação das reformas conhecidas como o Novo Ensino Médio.
A reforma no ensino médio tem o objetivo de desenvolver os estudantes de forma integral, e para isso, traz a ampliação da carga horária, passando de 2.400 horas para 3.000 horas, e mudanças na estrutura curricular, com disciplinas obrigatórias e eletivas.
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Com mais flexibilidade, os currículos se dividem em aprendizados essenciais definidos pela BNCC e itinerários formativos, escolhidos pelo estudante de acordo com a disponibilidade da escola.
A parte essencial e comum da BNCC é dividida nas quatro áreas do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Dessa forma, a estrutura curricular se aproxima ainda mais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), incentivando que as disciplinas de uma mesma área do conhecimento sejam trabalhadas de forma integral.
O novo ensino médio cobra mais autonomia do aluno, que deve fazer as primeiras escolhas rumo ao caminho que será trilhado na sua vida profissional.
Por outro lado, as escolas também devem oferecer abordagens pedagógicas que estimulem a autonomia e protagonismo do aluno, principalmente com o objetivo de superar os desafios que marcam essa fase da educação.
Desafios do ensino médio no Brasil
Ao chegar no final da educação básica, as escolas brasileiras precisam enfrentar alguns desafios. Um deles é a evasão escolar, sintoma de vários problemas estruturais do país que leva milhares de estudantes a abandonarem os estudos todos os anos.
Os jovens deixam mais a escola durante o ensino médio. Segundo a PNAD 2019, enquanto a evasão de alunos de até 14 anos é de 8,1%, o percentual quase dobra aos 15 anos, chegando a 14,1%.
Amplificada pela pandemia, a evasão escolar tem diversos motivos. Entre eles, podemos citar a necessidade de ajudar na renda familiar que leva muitos jovens a deixar a escola para trabalhar, a gravidez na adolescência e o desinteresse nas aulas.
Diante desse cenário, surge uma questão: como manter os estudantes interessados nas aulas e evitar o abandono escolar? A resposta para essa questão não é simples, mas passa por mudanças nas metodologias de ensino.
As metodologias ativas podem ser um ótimo caminho para melhorar o engajamento dos estudantes, além de abandonar o paradigma da “educação bancária”, como nomeou Paulo Freire, referindo-se ao método de ensino tradicional voltado à memorização de conteúdos.
Como as metodologias ativas influenciam na performance do aluno?
As metodologias ativas de aprendizagem são abordagens de ensino que permitem que o aluno saia da zona de conforto da passividade em sala de aula.
Através de atividades que estimulam o debate, a resolução de problemas e o relacionamento entre os alunos, a aprendizagem ativa incentiva o desenvolvimento cognitivo e sensorial, tornando o processo de absorção do conhecimento mais eficiente.
Com o auxílio da tecnologia e da demonstração do conhecimento na prática, o aluno aprende de forma ativa, sem precisar decorar fórmulas e conceitos.
Essa abordagem ativa os níveis mais profundos da pirâmide de Glasser, gráfico que representa as atividades educacionais e seus respectivos percentuais de retenção de conhecimento.

Entre os benefícios das metodologias ativas, podemos citar:
- Estimular a criticidade e a expressão do aluno;
- Aumentar o engajamento na aula;
- Dar mais autonomia e autoconfiança ao aluno;
- Desenvolver habilidades de resolução de problemas.
- Fortalecer a absorção do aprendizado.
Trabalhando em grupo, resolvendo problemas e colocando a mão na massa, os alunos assumem o protagonismo do próprio aprendizado, enquanto o professor ocupa o papel de facilitador e mediador das atividades.
Os principais tipos de metodologias ativas são:

Por que usar metodologias ativas no ensino médio?
A proposta de reforma do ensino médio não deve ser vista como uma simples ampliação do tempo na escola ou mudanças na grade de disciplinas.
A reforma é uma transição para um modelo que abraça metodologias educacionais modernas e a tecnologia e permite que o aluno tenha autonomia para escolher seus objetivos.
Nesse cenário, as metodologias ativas de aprendizagem oferecem estratégias para trabalhar a formação do estudante de forma integral, valorizando suas habilidades individuais e fortalecendo competências essenciais para seu desenvolvimento.
O trabalho com metodologias ativas leva o estudante a refletir sobre o seu papel no próprio aprendizado, participando ativamente da construção do conhecimento, e ampliar sua visão de mundo, construída a partir de um olhar coletivo.
Como resultado, os índices de evasão escolar tendem a ser impactados pela adoção de metodologias ativas.
Com mais engajamento e propósito, os estudantes se sentem mais motivados a continuar os estudos e permanecem mais tempo na escola.
Qual é o impacto das metodologias ativas no Enem?
Não é de hoje que os exames de admissão para o ensino superior exigem conteúdos mais contextualizados.
Dividido em quatro áreas do conhecimento, o Enem trabalha a interdisciplinaridade, o que levou escolas a adotarem novas abordagens de preparação para o vestibular.
Ao invés de disciplinas isoladas, o exame exige que o aluno tenha a capacidade de resolver problemas, reconhecer cenários e propor soluções baseadas no que aprendeu ao longo do ano.
Dessa forma, o bom desempenho no Enem passa também pelo compartilhamento de ideias, pelo trabalho em equipe e pela vivência que permite aprender sob outros pontos de vista.
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Aqui vale uma ressalva. Não estamos defendendo que as escolas não devem se guiar pelo conteúdo programático exigido pelas provas do Enem, no entanto, as metodologias de ensino não precisam se manter no passado.
O Enem estimula a reflexão e o pensamento crítico do aluno, com questões interpretativas que demandam a articulação entre conhecimentos adquiridos em várias disciplinas.
Através de metodologias ativas e de tecnologias educacionais, é possível ensinar com alto nível de desempenho, garantindo alunos mais satisfeitos e melhores resultados de aprovação.
Conclusão
As metodologias ativas de aprendizagem permitem trabalhar habilidades e competências cobradas pelas reformas no ensino médio, além de desenvolver a sociabilidade, o equilíbrio emocional e o pensamento crítico.
Dessa forma, seu uso é uma alternativa para o cumprimento dos novos currículos, que visam trabalhar as disciplinas de forma integrada e contextualizada.
A formação dos estudantes não termina na aprovação no ensino superior. É importante considerar os aprendizados que serão levados para a vida, com reflexos na vida do aluno e no seu convívio com a sociedade.