O Ensino Religioso é uma disciplina que, quando alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), pode contribuir significativamente para a formação integral dos estudantes.
Neste artigo, exploraremos maneiras de trabalhar o Ensino Religioso em sala de aula em conformidade com a BNCC, destacando atividades, objetivos e habilidades. Boa leitura!
O que é ensino religioso?
O Ensino Religioso é uma disciplina presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que tem como objetivo:
- Proporcionar aos alunos conhecimentos sobre questões religiosas;
- Entender sobre os papéis culturais e estéticas,
- Conhecer as manifestações religiosas de cada cultura.
Além disso, é uma maneira de promover o entendimento quanto ao direito de liberdade de consciência e manifestação da crença, bem como desenvolver habilidades e competências.
A BNCC estabelece que o Ensino Religioso deve ser pautado pela:
- liberdade de crença,
- laicidade
- e respeito à diversidade.
Por isso, o Ensino Religioso, integrante da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), representa um desafio e uma oportunidade para educadores lidarem com a diversidade religiosa em sala de aula.
O Ensino Religioso na BNCC proporciona uma oportunidade única para explorar a diversidade cultural e religiosa do Brasil ao adotar uma abordagem não confessional, utilizando estratégias inclusivas e respeitando os princípios da BNCC.
Por isso, Os educadores podem contribuir para a formação de cidadãos éticos, críticos e tolerantes em relação às diferentes crenças presentes na sociedade brasileira.
Além disso, a inserção do Ensino Religioso na BNCC remonta a debates históricos sobre o papel da religião na escola brasileira. A Constituição de 1988 assegura a liberdade religiosa e estabelece a laicidade do Estado.
O entendimento evoluiu, culminando na inclusão do Ensino Religioso na BNCC como componente curricular.
“O ser humano se constrói a partir de um conjunto de relações. ou seja para conhecermos a nós mesmos ou a outros é necessário o contato com outras culturas e povos que possibilitam que os humanos se relacionem entre si, com a natureza e com a(s) divindade(s), percebendo-se como iguais e diferentes”
BNCC
Quais são os objetivos do ensino religioso BNCC?
Os objetivos educacionais devem alinhar-se aos propósitos do Ensino Religioso na BNCC, que são:
- Desenvolver a compreensão crítica e ética,
- Respeitar as manifestações religiosas,
- Promover a aproximação entre as religiões.
Por isso, a educação religiosa deve contribuir para a formação integral dos alunos, promovendo o diálogo inter-religioso e o respeito à diversidade cultural.
Dessa maneira pretende-se que os estudantes:
- reconheçam o caráter singular e diverso do ser humano,
- valorizem a identificação e o respeito às semelhanças e diferenças entre o eu,
- acolham a igualdade e a diferença de cada um.
Pilares do Ensino Religioso de acordo com a BNCC
Para conseguir alcançar esses objetivos, a BNCC coloca alguns pilares para as aulas de religião, sendo eles:
- A compreensão ética e cidadã visando a construção de uma sociedade mais tolerante e inclusiva.
- Liberdade religiosa, garantindo que o Ensino Religioso não favoreça uma crença específica.
- Laicidade do Estado implica a neutralidade em relação às religiões, assegurando um ambiente educacional inclusivo e respeitoso.
- Diversidade, pois a educação religiosa deve abordar a pluralidade de crenças, proporcionando aos alunos o entendimento das diferentes tradições religiosas presentes na sociedade brasileira.
- Interculturalidade como um meio de combater estereótipos e preconceitos.
“A percepção das diferenças (alteridades) possibilita a distinção entre o “eu” e o “outro”, “nós” e “eles”, cujas relações dialógicas são mediadas por referenciais simbólicos (representações, saberes, crenças, convicções, valores) necessários à construção das identidades.”
Segundo a BNCC, isso é algo que é necessário para o desenvolvimento pessoal e intrínseco de cada aluno de maneira individual.
Assim, com que o contato com os objetivos do ensino religioso, o cidadão fica com senso crítico e respeitando outras religiões.
Conteúdos de ensino religioso na BNCC
A BNCC do Ensino Fundamental I e II divide os conteúdos da matéria de Ensino Religioso em unidades temáticas, que são:
Identidades e alteridades
O eu, o outro e o nós: envolvendo autoconhecimento, a entender o outro e o nós em conjunto, despertando o senso de valores ao lado do próximo.
Imanência e transcendência: que compreendam os símbolos e significados desses termos.
Manifestações Religiosas
Sentimentos, lembranças, memórias e saberes como formas de identificar semelhanças e diferenças para compreender a cosmovisão do outro.
Crenças religiosas e filosofias de vida
Ideias de divindades para entender as ideias e conceitos de como surgem as divindades e como elas se manifestam em cada cosmovisão a sua maneira.
Narrativas religiosa para compreender a narrativa e de como surgiu a história única de cada religião.
Mitos e tradições religiosas, ou seja como surgem os mitos e as tradições religiosas para conhecer a cosmovisão de cada religião
Além disso, a BNCC sugere que os temas de educação religiosa permeiem a ética, a cidadania e a compreensão das manifestações religiosas.
Por isso, esses temas incluem o estudo das tradições religiosas presentes no Brasil, a relação entre religião e cultura e a discussão sobre valores éticos universais.
Quais são as habilidades de ensino religioso?
As habilidades de Ensino Religioso devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo do Ensino Fundamental.
Essas habilidades visam não apenas fornecer conhecimentos sobre as diferentes religiões, mas também promover uma educação integral.
Por isso, as habilidades de Ensino Religioso de acordo com a BNCC para o Fundamental I e II incluem:
- identificar e respeitar as diferenças e semelhanças entre as manifestações religiosas e filosóficas;
- compreender a importância da liberdade de consciência e de crença;
- analisar as relações entre as manifestações religiosas e filosóficas e as dimensões sociais, políticas, econômicas e culturais;
- entender as relações entre as manifestações religiosas e filosóficas e as questões de gênero, étnico-raciais e de orientação sexual;
- aceitar as diferentes formas de expressão religiosa e filosófica presentes na sociedade;
- e entender a importância da ética e dos valores na construção da cidadania
Como o professor deve ministrar as aulas de religião?
O Ensino Religioso deve ser conduzido de maneira inclusiva, reconhecendo e respeitando a pluralidade de crenças presentes na sala de aula.
Primeiramente, o planejamento deve envolver coisas fundamentais como:
- escuta ativa,
- estímulo ao diálogo
- respeito às crenças.
Ou seja, os estudantes precisam ser ouvidos, independente da crença dele e tudo o que ele disser precisa ser respeitado.
Isso porque os estudantes precisam sentir liberdade para se expressarem, precisam se sentir acolhidos e respeitados para que a aula de religião seja proveitosa.
Além disso, a BNCC preconiza uma abordagem não confessional, ou seja, que não promova uma única crença religiosa.
Por isso, o educador deve ser imparcial, proporcionando aos alunos informações e reflexões para que formem suas próprias concepções, respeitando as diferentes visões de mundo.
Assim, entender as práticas religiosas na prática é uma maneira valiosa de complementar o aprendizado em sala de aula.
Como fazer um planejamento de ensino religioso?
Além de levar em consideração as características dos alunos e a realidade em que estão inseridos. É importante que o professor tenha em mente que o Ensino Religioso é uma ferramenta de educação e formação.
Por isso, para fazer um planejamento de ensino religioso, é importante estar ligado a alguns passos:
Verificar os conteúdos de religião de acordo com a BNCC
O primeiro ponto para montar seu planejamento é ter a BNCC em mãos e os conteúdos.
Dentro dos blocos temáticos, é preciso verificar os conteúdos para que a sua aula esteja coerente com eles. Por isso, esse é o primeiro passo para fazer um planejamento de ensino religioso.
Além disso, lembre-se que o planejamento de Ensino Religioso deve ser feito de forma a contemplar as habilidades e competências da BNCC.
Definir os objetivos educacionais
Em seguida, é preciso ter a identificação clara de objetivos educacionais e comportamentais.
Ou seja, os educadores devem definir o que desejam que os alunos aprendam e como esperam que se comportem em relação às diferentes crenças.
Quais são os objetivos que quer cumprir em cada aula? E em cada módulo? Em cada bimestre?
Alguns exemplos de objetivos são:
- Aprender a história da religião X;
- Compreender que existe diversidade religiosa;
- Aprender x formas de respeitar o outro;
- Conhecer as orientações sexuais etc.
Escolher os recursos didáticos
Escolher os recursos didáticos corretos é fundamental.
Livros, artigos, documentários e materiais online podem oferecer informações balanceadas sobre diferentes tradições religiosas.
Certifique-se de que os materiais selecionados promovam a imparcialidade e o respeito à diversidade.
No Mozaik, por exemplo, é possível ver o 3D de alguns ambientes importantes para as religiões, como o tempo de Salomão e o Domo da Rocha.
Atividades de Ensino Religioso de acordo com a BNCC
É possível trabalhar com atividades que envolvam:
- a leitura de textos sagrados,
- a realização de debates,
- a produção de textos,
- a criação de desenhos e pinturas, entre outras.
O importante é que as atividades estejam alinhadas com as unidades temáticas da BNCC e que sejam adequadas à faixa etária dos alunos.
Veja algumas atividades possíveis em seguida!
Promover discussões em grupo
Promover discussões em grupo é uma ferramenta eficaz para explorar diferentes perspectivas religiosas e filosóficas.
É possível dividir as turmas em alguns grupos e dar temáticas para eles que envolvam os conteúdos estudados.
Além disso, é possível pedir que eles pensem em soluções para os problemas enfrentados por indivíduos ou grupos religiosos.
Também é interessante pedir que os estudantes discutam como agir ao enfrentarem situações como:
- Vivenciar intolerância religiosa;
- Ver alguém cometendo intolerância religiosa;
- Receber um insulto por sua opção sexual etc.
Seminários
Pedir seminários é uma boa forma de permitir aos alunos conhecerem mais sobre as religiões diferentes das deles.
Os temas dos seminários podem ser sobre religiões ou sobre situações que as religiões enfrentam, como:
- Preconceito acerca das religiões afro no Brasil;
- Budismo;
- Cristianismo;
- Xintoísmo;
- Espiritismo etc.
Entrevistas e visitas
Entrevistar líderes religiosos, pessoas que enfrentaram preconceito ou pessoas de crença diferente é uma outra atividade interessante para aulas de religião.
Essa atividade de educação religiosa é bem interessante porque os estudantes podem aprender direto com a fonte em vez de ouvir o professor.
Além disso, visitas a locais de culto também são atividades interessantes. É possível pedir aos alunos um relatório após essa atividade.
Entretanto, é preciso cuidar com os pais, pois muitos podem reclamar se seus filhos fizerem atividades como essas.
Roda das prioridades
Existem alguns exercícios de autoanálise de fácil aplicação com os estudantes, um deles é a roda da vida.
Para aplicar essa atividade de uma forma que seja relevante em uma aula de religião, o professor entrega uma folha impressa com essa roda a todos os estudantes e pede que eles reflitam sobre cada uma dessas áreas de suas vidas.
É possível fazer uma breve explicação sobre cada uma delas e dar exemplos para que os estudantes consigam visualizar e entender sobre o que se trata cada área.
Em seguida, o professor deve orientar os estudantes a serem sinceros e “darem uma nota” para como está sendo o empenho deles em cada uma dessas áreas da vida.
A partir do preenchimento, deve-se estimular uma reflexão sobre o equilíbrio entre as áreas, pois se há uma muito negligenciada e outra que está lá no alto, há algo errado.
Em seguida, vale a pena discutir sobre a parte de espiritualidade. É interessante pontuar como cada um dá um valor diferente para isso e como é possível melhorar.
Metas e objetivos
Essa atividade é uma dinâmica bem divertida para utilizar em suas aulas de religião e envolve um storytelling bem legal, o passo a passo é simples:
- Entregue aos alunos a folha abaixo:
- Peça aos alunos que escrevam seus 5 principais objetivos, um em cada uma das malas.
- Agora use o storytelling abaixo para fazer os alunos refletirem no que realmente importa:
Imagine que você saiu em uma viagem com suas 5 malas, seus 5 grandes sonhos, você está viajando de ônibus e o ponto de chegada é bem distante, serão vários dias de viagem.
Tudo estava indo bem até que… o Pneu fura e, ao consertá-lo, o motorista informa que o ônibus está muito pesado que todos deverão deixar uma bagagem para trás… ou seja, você vai precisar deixar uma mala!
Peça aos alunos que façam um X em uma das malas.
Segunda mala
Então continuamos a viagem. Tudo segue bem até que… o motor do ônibus faz um barulhão e começa a sair fumaça… Vão precisar substituir o ônibus.
Entretanto, o ônibus que chega para substituir é menor que o anterior e todos precisarão deixar uma mala para que todos consigam continuar viagem.
Novamente, peça aos alunos que risquem uma das malas da folha de atividade de orientação de estudos.
Terceira mala
E a viagem continua, em um ônibus menor, mas todos confortáveis.
Até que… todo mundo percebe que hoje não é um dia de sorte! A estrada está bloqueada e vão ter que pegar um desvio que passa por uma ponte não muito confiável… Por isso, para o ônibus ficar mais leve… pois é, todos terão que deixar uma bagagem.
Peça aos alunos que façam mais um X em uma das bagagens.
Quarta mala
O ônibus passa pela ponte e continua em frente sem problemas. Então vocês já conseguem avistar o local de chegada!
Todavia, o ônibus não consegue chegar até lá. Vocês vão ter que fazer o fim do caminho a pé.
Só dá para levar uma mala, qual vocês vão deixar para trás?
Essa última mala é o que realmente é importante para você! Muitas das coisa que desejamos são superficiais, por isso, precisamos focar no que é duradouro, no que de fato precisamos, ou seja, essa sua última mala.
A partir disso, é possível trabalhar com os alunos as suas metas e objetivos visando o que de fato é importante para eles e muitos alunos vão colocar objetivos relacionados à religião, como “ir para o céu”.
Depois disso, é interessante pedir para que alguns alunos leiam o que sobrou em voz alta.
Com isso, é possível fazer uma reflexão com os alunos que eles devem respeitar o que é importante para o outro, que muitas vezes é a religião.
Aula pronta de ensino religioso de acordo com a BNCC
Para facilitar o trabalho de educação religiosa na escola, veja algumas aulas prontas de ensino religioso de acordo com a BNCC.
Aula sobre Espaços e territórios religiosos
Unidade Temática: Identidades e alteridades
Objetos de conhecimento: Espaços e territórios religiosos
Habilidades:
- (EF03ER03) Identificar e respeitar práticas celebrativas (cerimônias, orações, festividades, peregrinações, entre outras) de diferentes tradições religiosas.
- (EF03ER04) Caracterizar as práticas celebrativas como parte integrante do conjunto das manifestações religiosas de diferentes culturas e sociedades.
- (EF03ER05) Reconhecer as indumentárias (roupas, acessórios, símbolos, pinturas corporais) utilizadas em diferentes manifestações e tradições religiosas.
Tempo: 30-40 min
Conteúdo: Diversidade e cultura Religiosa
Passo a Passo
- Em sala de aula escolher diversas religiões tanto brasileiras, quanto internacionais,
- Dividir a turma em grupos e sortear religiões para cada grupo, conforme as condições e necessidades de cada um,
- Pedir para virem a caráter representando aquela determinada cultura ou religião, trazer pratos típicos de cada nacionalidade.
- Promover em sala um debate sobre o que cada grupo aprendeu com a religião que foi escolhida.
- Apontar as principais diferenças entre sua religião matriz e o que mais chamou atenção na religião sorteada,
- Despertar o senso crítico de cada aluno questionando cada significado de ritos, mitos entre outros aspectos das religiões determinadas.
Além disso, é importante entender a limitação dos recursos pedidos em salas para cada grupo, fazer com que os alunos entendam outras culturas e respeitem cada uma ao ter contato com elas.
As avaliações das aulas de religião
O processo de avaliação deve refletir a natureza inclusiva do Ensino Religioso, para isso:
- Evite avaliações que favoreçam uma crença específica e busque métodos que avaliem a compreensão dos alunos sobre as diferentes tradições religiosas,
- Reconheça as diversas necessidades dos alunos, como diferenças culturais, religiosas e de aprendizagem.
- Por fim, adapte as atividades e o conteúdo para garantir que todos os estudantes possam participar plenamente, promovendo um ambiente inclusivo e equitativo.
Dessa forma, o processo de avaliação será eficiente e respeitoso.
Além disso, normalmente as aulas de ensino religioso permitem avaliações mais tranquilas, por isso, pode ser interessante investir em avaliações que, inclusive, façam as crianças fazerem o bem, como:
- Arrecadarem brinquedos;
- Doarem alimentos, roupas, cobertores ou brinquedos;
- Visitarem um asilo;
- Visitarem uma família carente;
- Escreverem uma carta para entregar para alguém em uma clínica de recuperação de drogas;
- Uma ação social na praça, como distribuição de marmitas a moradores de rua etc.
Aulas de ensino religioso no TutorMundi
No TutorMundi, os estudantes podem tirar dúvidas de ensino religioso e requisitar aulas. O tutor então atende cada um com suas necessidades individuais.
Os tutores dessa disciplina são formados em disciplinas relacionadas, como teologia, filosofia, história, ciências da religião etc.
As aulas são baseadas na BNCC e os tutores fazem um treinamento para não serem imparciais e responderem sempre de forma correta.
Conclusão
Asism, a BNCC estabelece as diretrizes para o Ensino Religioso no Ensino Fundamental I e II.
Por isso, é importante que os professores conheçam essas diretrizes e as apliquem em suas aulas, de forma a garantir que os alunos tenham acesso aos conhecimentos necessários para o desenvolvimento de suas habilidades e competências.
Referências
BNCC Ensino Religioso
O ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: Contribuição para formação