Historicamente, a administração escolar concentrou-se por muito tempo na gestão administrativa e na estrutura dos processos. Contudo, com o advento da Teoria das Relações Humanas (TRH), um novo paradigma surgiu, deslocando a ênfase das tarefas para o foco nas pessoas.
No contexto educacional contemporâneo, a aplicação dos princípios da TRH é fundamental para uma gestão escolar de sucesso.
Ela transforma a escola em um ambiente mais acolhedor e garante que todos os envolvidos — alunos, professores, gestores e famílias — se sintam motivados e valorizados.
Ao reconhecer que o comportamento humano é complexo e orientado por necessidades, a TRH fornece as bases para criar uma cultura organizacional positiva e um clima escolar favorável à aprendizagem ativa.

O que é a teoria das relações humanas?
A Teoria das Relações Humanas representa uma mudança radical no repertório administrativo, introduzindo conceitos como motivação, liderança, comunicação, organização informal e dinâmica de grupo.
O conceito central da TRH é que as pessoas são o foco da administração. A ênfase em tarefas e estruturas foi substituída pela ênfase no “homem social”.
O desempenho das pessoas e seu comportamento dentro de uma organização dependem de uma combinação de fatores internos (como motivação, atitudes e emoções) e fatores externos (o ambiente organizacional e social).
A motivação é definida como tudo aquilo que impulsiona o indivíduo a agir de uma maneira específica, seja por um estímulo externo ou por um processo mental interno.
A motivação é de extrema importância, pois atua sobre as necessidades humanas a fim de supri-las, permitindo que o indivíduo alcance objetivos pessoais e organizacionais.
O comportamento humano é considerado causado (por estímulos internos ou externos), motivado (dirigido a um objetivo) e orientado para objetivos pessoais, sendo o impulso subjacente um desejo ou uma necessidade.
Quem criou a teoria das relações humanas?
Embora a TRH tenha surgido com o advento de um novo contexto no estudo da administração, o seu desenvolvimento foi influenciado por diversos estudiosos ao longo do tempo.
A teoria motivacional de Maslow é relevante, pois parte do princípio de que os motivos do comportamento residem no próprio indivíduo, e ele arranjou as necessidades humanas em uma hierarquia (pirâmide de importância).
As necessidades humanas, que são as forças impulsionadoras do comportamento, são classificadas em três níveis:
1. Necessidades fisiológicas (primárias): Essenciais à sobrevivência (ex: alimentação, sono, segurança física).
2. Necessidades psicológicas (secundárias): Exclusivas do ser humano, aprendidas ao longo da vida, raramente satisfeitas em plenitude, como a necessidade de segurança íntima, a necessidade de participação, a necessidade de autoconfiança e a necessidade de afeição.
3. Necessidade de auto-realização: O impulso para realizar o próprio potencial e estar em contínuo autodesenvolvimento.
O estudo da motivação teve maior ênfase com o desenvolvimento da TRH, e a teoria de campo de Kurt Lewin já se referia ao papel importante da motivação no comportamento social.
Frederick Herzberg também influenciou os estudos ao classificar os fatores motivacionais em intrínsecos (relacionados ao trabalho em si) e extrínsecos/higiênicos (condições de trabalho).
Como aplicar a teoria das relações humanas na educação?
A aplicação dos princípios da Teoria das Relações Humanas na administração e gestão escolar visa substituir a rigidez estrutural pela flexibilidade, diálogo e foco no indivíduo, elementos cruciais para o desenvolvimento integral do aluno.
1. Fortalecimento da Gestão de Pessoas e da Motivação Docente
A Gestão de Pessoas é um dos setores estratégicos da gestão escolar, sendo responsável pela relação entre os indivíduos na instituição.
A TRH sustenta que indivíduos com necessidades atendidas trabalham mais satisfeitos, o que aumenta a produtividade.
No ambiente escolar, um dos desafios da gestão é justamente manter o professor motivado e engajado, especialmente os professores. Para isso, a administração da escola deve:
- Investir na formação continuada dos professores.
- Oferecer recursos e meios para o trabalho.
- Manter uma administração transparente.
- Criar um espaço democrático em que o educador tenha voz nas decisões.
- Ficar ao lado do professor em meio às discussões com pais e alunos.
O emprego de incentivos e reconhecimento, práticas valorizadas pela TRH, satisfazem as necessidades de autoestima e auto-realização dos colaboradores36, o que, no contexto escolar, se traduz em valorização do trabalho dos profissionais37.
2. Priorização da Comunicação, Escuta Ativa e Diálogo
A TRH reconhece a comunicação como um elemento fundamental do repertório administrativo. Na escola, a comunicação clara, objetiva e eficaz é um dos preceitos de uma boa administração, sendo a Gestão de Comunicação responsável por conectar toda a comunidade escolar.
Além disso, para a TRH, a necessidade de participação é uma das necessidades psicológicas secundárias. Essa participação é viabilizada pela escuta ativa, que é essencial para ter professores empáticos.
• Escuta Ativa na Prática: A escuta ativa envolve ouvir os alunos com atenção total, sem interrupções, demonstrando interesse genuíno por suas perspectivas e necessidades. Isso fortalece o vínculo de confiança, sendo uma ferramenta essencial para professores empáticos.
• Comunicação Não Violenta (CNV): A CNV complementa a escuta, permitindo que os alunos (e professores) expressem sentimentos e necessidades sem agressividade.
A CNV, que é modelada por professores de sucesso, ajuda a transformar conflitos em oportunidades de crescimento.
• Mediação de Conflitos: A mediação na escola, que foca no diálogo e na colaboração, é uma aplicação prática dos princípios de relações humanas.
Ela busca soluções colaborativas onde todas as partes têm voz, tratando os conflitos de forma pedagógica.
O processo envolve diálogo, empatia e a busca por reparação e restauração da relação.
3. Foco na Empatia e nas Habilidades Socioemocionais (HSE)
A TRH destaca que o comportamento é influenciado por fatores internos, como as emoções. A empatia é uma habilidade socioemocional fundamental que se alinha à necessidade psicológica de afeição e participação.
A empatia refere-se à capacidade de compreender e sentir as emoções do outro, colocando-se genuinamente em seu lugar.
Professores de sucesso criam vínculos afetivos com os alunos, demonstrando interesse genuíno e cuidado.
• Benefícios no Clima Escolar: A prática da empatia na escola transforma o ambiente em um local mais acolhedor, prevenindo o bullying e diminuindo os riscos de evasão.
• Desenvolvimento de HSE: As habilidades socioemocionais, como a empatia, são fundamentais para o desenvolvimento integral dos estudantes e para a resolução de conflitos. Projetos de serviço comunitário e mentoria entre alunos são formas práticas de desenvolver a empatia por meio da ação direta e do cuidado com o outro.
4. Gestão e Liderança com Visão Humanista
A gestão escolar democrática incorpora os ideais humanistas da TRH, pois prioriza a participação do coletivo, o diálogo e a horizontalidade.
A liderança, um tema introduzido pela TRH2, é exercida pelo gestor escolar, que deve motivar sua equipe e promover um clima de confiança.
• O Gestor como Líder e Mediador: O papel do gestor não é centralizar o poder, mas sim promover um ambiente de qualidade, garantindo que os princípios de escuta e horizontalidade sejam respeitados.
Ele atua como mediador de conflitos e ações administrativas/pedagógicas.
• Participação Ativa: A gestão democrática se concretiza através da participação ativa da comunidade escolar (pais, estudantes, professores) nas decisões, especialmente na elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP).
A necessidade de participação é uma necessidade psicológica secundária importante.
• Autonomia e Protagonismo: Na educação, o foco humanista da TRH se reflete no incentivo à autonomia e ao protagonismo do aluno.
Assim como na metodologia freiriana, o professor atua como mediador e facilitador, auxiliando na construção do conhecimento e respeitando o contexto do estudante.
Conclusão
A Teoria das Relações Humanas fornece o alicerce filosófico e prático para uma gestão escolar inovadora e humanizada.
Ao priorizar a motivação, o vínculo afetivo e a participação coletiva, a escola se transforma em um espaço onde as necessidades psicológicas dos indivíduos são reconhecidas.
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