Ela está nas redes sociais, na televisão e nas revistas; faz parte da rotina de jovens criativos e de pessoas com desejo de colocar a mão na massa e criar seus próprios objetos. Essa é a cultura maker, movimento que se espalhou pelo mundo e encontrou adeptos em muitos espaços da sociedade, inclusive na educação.
Baseado na ideia de que qualquer pessoa é capaz de construir suas próprias coisas, e com a tecnologia a favor como importante ferramenta criativa, a cultura maker chegou nas escolas como um instrumento pedagógico aliado das metodologias ativas de aprendizagem.
Mas como esse movimento cultural começou? Como a cultura maker na educação se tornou uma tendência? E afinal, ela traz benefícios para o desenvolvimento dos alunos?
Por isso, neste artigo, vamos responder essas e outras perguntas sobre a cultura maker na educação.
Boa leitura!
O que é cultura maker?
A cultura maker é um conceito difundido em 2005, em uma publicação chamada Revista Make. Logo após seu lançamento, uma convenção de criadores, realizada em 2006, chamada Maker Faire, fundou os pilares do movimento e o tornou popular no mundo todo.
Hoje, o movimento maker está presente em festivais, espaços colaborativos, laboratórios e fábricas espalhadas em centenas de países.
A concepção da cultura maker absorveu ideias de movimentos anteriores.
Além disso, é possível associá-la ao Do it Yourself (DIY, ou faça você mesmo) do punk rock dos anos 1970, além da influência da criação dos primeiros computadores domésticos, nos anos 1980.
Esse movimento tem como características principais o uso da criatividade e dos recursos disponíveis para criar objetos, produtos e soluções para problemas do cotidiano.
Também conhecida pelo ato de “colocar a mão na massa”, a cultura maker motivou muitas pessoas a buscarem alternativas para empreender e construir, utilizando recursos como programação, eletrônica e robótica na resolução de questões da sociedade.
O físico estadunidense Chris Anderson, autor do best seller “A Cauda Longa”, afirma que a cultura maker é uma nova revolução industrial, por transferir o poder de criação das grandes indústrias para as mãos das pessoas.
Além disso, a cultura maker na educação está ligada às metodologias ativas de aprendizagem.
Quais são os 4 pilares da cultura maker?
Conceitualmente, a cultura maker é definida em quatro eixos principais, sendo eles criatividade, colaboratividade, sustentabilidade, escalabilidade. Veja mais sobre eles abaixo:
- Criatividade – capacidade de encontrar soluções para problemas complexos através da experiência e da criação;
- Colaboratividade – cooperação entre equipes para alcançar um objetivo comum;
- Sustentabilidade – consciência para reutilizar materiais e evitar o desperdício;
- Escalabilidade – ideias que podem ser reproduzidas em larga escala e a baixo custo.
Através desse eixo, a cultura maker na educação tem o poder de oferecer uma nova experiência pedagógica, em que os alunos aprendem na prática e coletivamente a buscar soluções para problemas reais através do que aprendem em sala de aula.
Como funciona a educação maker na prática?
A cultura maker na educação cria uma ponte entre o conhecimento teórico e a sua aplicação prática. Os alunos podem ver o resultado dos estudos se materializar e servir para resolver problemas reais.
Na escola, a educação maker pode acontecer tanto na sala de aula, utilizando materiais diversos para criar, como em salas dedicadas à prática, conhecidos como espaços maker.
Em ambientes mais modernos, é possível também dispor de equipamentos como impressoras 3D, máquinas de corte a laser, materiais para prototipagem, entre outros itens.
Entretanto, se a sua escola não dispõe de recursos tecnológicos, não desanime. O objetivo da cultura maker é estimular a criação e a colaboração na busca por respostas para desafios.
5 exemplos de aplicação da cultura maker na educação
São exemplos práticos da cultura maker na educação:
- Criação de horta na escola;
- Criação de maquetes;
- Construção de casas sustentáveis;
- Elaboração de jogos manuais;
- Atividades extracurriculares que envolvem culinária.
Independente do que for aplicado, é possível obter os benefícios da educação maker no processo de ensino-aprendizagem. Confira quais são eles a seguir.
Quais são os benefícios da cultura maker na educação?
A cultura maker é baseada em pilares que trazem muitas vantagens para o processo de ensino aprendizagem.
Através da colaboração e da criatividade, o aluno é estimulado a desenvolver a sociabilidade e o trabalho em equipe na busca de soluções para os desafios.
O espaço maker também permite que o aprendizado aconteça em um ambiente mais acolhedor e estimulante, diferente dos modelos do ensino tradicional.
Então, o estudante é desafiado a desenvolver habilidades que vão além do conteúdo programático das aulas.
Além disso, na educação maker, além de buscar respostas com base naquilo que estudaram nas aulas, o aluno desenvolve:
- a curiosidade,
- a liderança
- a comunicação,
- tornando-se protagonista do próprio aprendizado.
Isso porque atividades que colocam o aluno em movimento e em papel ativo na construção do conhecimento são capazes de ativar camadas profundas da pirâmide de aprendizagem, com maiores níveis de retenção.
Também podemos associar a prática da cultura maker na educação às metodologias ativas de aprendizagem.
Ademais, outro fator que joga a favor da educação maker é a possibilidade de estimular o pensamento crítico nos alunos.
Assim, na proposta de soluções para problemas cotidianos, os alunos podem ser inseridos a questões como reciclagem, desigualdade social, cuidados com o meio ambiente, saneamento, entre outros temas sociais.
Como aplicar a cultura maker na educação?
Dessa forma, a adoção da cultura maker nas escolas não pode ser vista apenas como a inclusão de novas tecnologias, mas como uma ferramenta para revolucionar a educação.
Um fator fundamental para o sucesso é a capacitação e a formação continuada de professores.
Isso porque implementar novas metodologias educacionais exige cuidado, principalmente ao adotar propostas que modificam o formato tradicional que os professores estão acostumados a ensinar.
Por isso, a decisão deve ser estratégica e envolver muito treinamento.
A gestão escolar pode oferecer para os professores cursos sobre a metodologia, com o objetivo de capacitar o corpo docente para atuar com a cultura maker na educação.
Com a equipe docente alinhada, é necessário escolher quais metodologias serão utilizadas, de acordo com os recursos financeiros, espaciais, pessoal e físico disponíveis.
A cultura maker pode fazer parte do planejamento escolar da escola, integrando o projeto político pedagógico, servindo inclusive como diferencial competitivo que vai destacar a instituição da concorrência e trazer novos alunos.
Integração da Cultura Maker com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece as diretrizes que todas as escolas no Brasil devem seguir para garantir uma educação de qualidade e equitativa.
A cultura maker, com seu foco em aprendizado prático e desenvolvimento de habilidades, está profundamente alinhada aos princípios da BNCC, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento das competências gerais.
Uma das grandes vantagens da cultura maker é seu potencial para promover a autonomia, o pensamento crítico e a resolução de problemas — todos pontos centrais na BNCC.
Quando os alunos são incentivados a “aprender fazendo”, eles se tornam protagonistas do próprio processo de aprendizagem, desenvolvendo não apenas o conhecimento teórico, mas também habilidades práticas essenciais para a vida.
Além disso, a cultura maker oferece oportunidades de trabalhar com projetos interdisciplinares, integrando várias áreas do conhecimento, como ciências, matemática e artes.
Essas atividades, realizadas em espaços maker ou em sala de aula, incentivam a colaboração entre os alunos e o uso de tecnologias que, conforme a BNCC, devem ser incorporadas ao ambiente educacional de forma significativa e contextualizada.
Portanto, ao adotar a cultura maker, as escolas podem atender às diretrizes da BNCC, ao mesmo tempo em que proporcionam uma experiência pedagógica inovadora e mais envolvente para os estudantes.
Conclusão
Portanto, modernizar as escolas faz parte do compromisso firmado na Base Nacional Comum Curricular para oferecer um ensino de qualidade para todos.
Assim, mais do que inserir tecnologias em sala de aula, essa modernização está ligada à metodologias ativas, que colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem e estimulam o seu protagonismo.
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Fontes
https://avamec.mec.gov.br/ava-mec-ws/instituicao/seb/conteudo/modulo/4427/uni1/slide5.html