A aprendizagem baseada em equipes ou team based learning TBL é uma metodologia que favorece o aprendizado ativo, construindo um ambiente cooperativo em sala de aula.

Em grupos, os estudantes exercitam suas habilidades de comunicação e argumentação, progredindo em direção a uma maior autonomia e maturidade. 

Como resultado, a metodologia traz benefícios fundamentais para os alunos, como:

  • Proatividade;
  • Colaboração;
  • Pensamento crítico;
  • Trabalho em equipe.

Além disso, está intimamente ligada às novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Para entender o poder da aprendizagem baseada em times, vamos conhecer os princípios do TBL, como a metodologia é aplicada e quais os seus benefícios para o processo ensino-aprendizagem. 

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O que é aprendizagem baseada em equipes?

O team based learning se baseia no aprendizado coletivo através da formação de times para incentivar a construção do conhecimento.

Desenvolvido nos anos 1970 pelo professor Larry Michaelsen da Universidade de Oklahoma nos Estados Unidos, o TBL pode ser utilizado no ensino fundamental, médio e superior.

Entretanto, sua adoção requer três mudanças importantes em relação às abordagens tradicionais de ensino.

O foco do aprendizado na TBL

O objetivo do ensino na aprendizagem baseada em problemas é ampliado, não tendo aquele foco conteudista, ou seja, aquela educação bancária criticada por Paulo Freire.

O foco sai da memorização de conceitos-chave para a compreensão de como eles são aplicados em situações envolvendo problemas reais. 

Logo, o aluno aprende na prática como aplicar aqueles elementos no dia a dia para resolver problemas, característica bem requisitada no mercado de trabalho atual.

O papel do professor na aprendizagem baseada em equipes

O papel do professor no TBL deixa de ser o da figura detentora do conhecimento, ou seja, o centro do processo ensino-aprendizagem.

O papel do professor se torna o de mediador do conhecimento.

O docente deve facilitar a aprendizagem dos estudantes por meio de uma boa organização dos grupos, de um bom gerenciamento e da retirada de dúvidas.

Então, o professor não vai trazer uma aula expositiva, não ficará explicando conceitos, mas permitirá que os alunos busquem e entendam o conteúdo juntos, através, principalmente, da resolução de problemas.

Os alunos se tornam protagonistas do ensino

Os estudantes se tornam responsáveis pelo seu próprio aprendizado, trabalhando de maneira colaborativa com os colegas e com o professor.

No Team Based Learning, para poderem ajudar o grupo ao qual pertencem, eles precisam ter estudado o conteúdo antes para conseguir contribuir com o grupo, como uma espécie de sala de aula invertida. 

Isso os força a terem disciplina para estudarem em casa, especialmente porque o grupo conta com ele.

Como aplicar em sala de aula a aprendizagem baseada em equipes?

A implementação de uma metodologia de aprendizagem baseada em equipes consiste em algumas fases, sendo elas: a preparação individual, a garantia de preparo e a aplicação dos conceitos.

Imagem mostrando as 3 etapas da aprendizagem baseada em equipes: Preparação, garantia de preparo e aplicação de conceitos.

1. Preparação individual

Nesta primeira fase, o estudante precisa estar preparado previamente para a aplicação do team based learning. Para isso, o conteúdo a ser trabalhado deve ser estudado em casa por meio de coisas como:

  • Roteiro de estudos;
  • Exercícios;
  • Leitura de algum material;
  • Videoaulas;
  • Games educativos;
  • Podcasts;
  • Pesquisa;
  • Ou qualquer outra atividade que o professor ache relevante.

A preparação prévia é uma etapa muito importante da aprendizagem baseada em equipes, pois, se os alunos não realizarem as tarefas pré-classe, não serão capazes de contribuir com o trabalho em equipe. Isso é um incentivo social bem efetivo também.

Nesse ponto, estratégias de ensino híbrido como a sala de aula invertida são importantes aliadas nesse processo de ensino-aprendizagem. 

Entretanto, dar uma tarefa para um aluno não significa que ele irá executá-la, por isso é necessário também haver uma forma de avaliar se esse preparo foi feito.

2. Garantia de Preparo

A segunda fase da aprendizagem baseada em times consiste então em uma espécie de teste que mostre se o aluno se preparou adequadamente. 

Essa etapa é formada por uma avaliação individual e depois uma em grupo sobre os assuntos estudados durante a preparação individual. 

Ela consiste em um teste de 10 a 20 questões de múltipla escolha que deve ser realizada sem consulta pelos estudantes.

Modelo de gabarito individual para ser a garantia de preparo do TBl, com as questões e as alternativas de A a D.

Após a formação dos grupos, o mesmo questionário é realizado, mas dessa vez os alunos devem debater entre si e argumentar sobre a razão de escolha para cada resposta.
Nesta parte, pode ser que haja divergências e os alunos discutam sobre isso, mas essa gestão de grupo também faz parte da dinâmica TBL.

Ao decidir por uma resposta, o grupo deve receber um feedback imediato sobre qual é a alternativa correta. Por isso o professor deve estar atento aos grupos para poder ajudar nisso!

Caso sejam muitos grupos, é possível que a resposta seja dada por algum aplicativo, gabarito ou qualquer outro sistema que o professor acredite ser pertinente.

Assim que o teste for concluído, os alunos podem solicitar uma revisão das questões que o grupo não acertou através de uma apelação.

Nela, os estudantes podem argumentar qual o motivo para considerarem a sua resposta a “correta”, esse é um momento interessante para os alunos trabalharem a argumentação e persuasão deles.

Pode ser que outros grupos queiram debater sobre a questão também. Por isso, pode ser interessante deixar alguma alternativa mais ambígua, justamente para ter algo desse tipo.

Ao final dessa etapa, o professor reúne todos os grupos para um feedback geral, com comentários sobre cada teste e cada apelação, abordando os temas mais relevantes.

Com estes questionários e momentos, será possível avaliar se os alunos estudaram de fato individualmente. 

Além disso, aqueles que não estudaram o suficiente conseguem ter uma revisão dos conteúdos antes de ir para a última fase da Team based learning.

3. Aplicação de Conceitos

Então vem a última etapa da aprendizagem baseada em equipes, esta deve ser a mais longa do ciclo.

O professor conduz as atividades seguindo quatro conceitos básicos, conhecidos como os “4S“, na elaboração da situação problema. São eles:

Problema significativo (Significant)

O problema que os alunos vão resolver precisa ser significativo, ou seja:

  • Ser um problema real;
  • Ser algo que possa ser enfrentado um dia por eles;
  • Contextualizado;
  • Que instigue eles a resolvê-lo.

Mesmo problema (Same)

Cada equipe deve receber o mesmo problema. Fazer isso facilita a troca de informações entre grupos se eles buscarem.
Além disso, nenhum grupo vai reclamar que o deles era mais desafiador que os outros, ou que algum grupo foi privilegiado com um mais fácil.

Escolha específica (Specific)

As respostas devem ser curtas e de fácil entendimento para as outras equipes. Por isso, os alunos precisam exercer também o poder de síntese nas respostas.

Relatos simultâneos (Simultaneous Report) 

As respostas devem ser apresentadas simultaneamente a fim de inibir que os grupos sejam influenciados pela argumentação das outras equipes.

Isso também garante que todos terão exatamente o mesmo tempo para a resolução das questões.

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Os 4 princípios essenciais de team based learning

A aprendizagem baseada em equipes é fundada em quatro princípios essenciais. Vamos conhecer cada um deles e entender melhor a sua funcionalidade na prática.

1º Princípio – Os grupos devem ser formados adequadamente

O sucesso do trabalho coletivo depende de uma boa formação dos grupos a fim de diminuir as barreiras que possam impedir que o trabalho seja bem realizado. 

Os alunos normalmente não possuem as informações necessárias para formar as equipes com sabedoria, por isso, o professor deve assumir essa função.

Isso envolve fazer uma seleção dos participantes das equipes, considerando as suas habilidades demonstradas através das avaliações de garantia. Também é necessário seguir alguns cuidados, como os a seguir:

Minimizar barreiras

Um dos obstáculos ao aprendizado em grupos é a relação prévia entre os membros. Por isso, um grupo de trabalho deve ser heterogêneo e deve-se evitar a formação de subconjuntos, como amigos próximos, irmãos e namorados na mesma equipe, ou seja, “panelinhas”.

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Grupos bem distribuídos

É importante que haja uma boa distribuição de talentos entre os grupos para que tenham um conjunto de habilidades diferentes entre si e a TBL seja bem executada. 

Selecione um que é criativo, outro que é reflexivo, algum aluno que tenha espírito de liderança e assim vai formando um grupo com habilidades diferentes para se ajudarem.

Não se esqueça de incluir os alunos com necessidades especiais nos grupos para que de fato haja inclusão em sua turma.

Equipes grandes e diversas

As equipes de aprendizagem devem ter membros suficientes para garantir o máximo de características individuais no grupo, mas não tão grandes a ponto de impedir a participação de todos os alunos.

Em geral, isso significa de 5 a 7 participantes por grupo.

Grupos permanentes

Pense que, na aprendizagem baseada em times, leva tempo para que os grupos possam evoluir de maneira eficaz, e cada vez que um grupo se forma, o processo de adaptação reinicia. 

Por isso, é importante evitar interferir nos grupos ao longo do ano letivo, semestre ou período no qual a atividade será realizada, mantendo a formação original pelo máximo de tempo possível.

É interessante também conversar com os outros professores para que esses grupos sejam mantidos nas disciplinas deles também, pois isso irá potencializar o aprendizado e será possível realizar tarefas interdisciplinares.

2º Princípio – Alunos protagonistas

Diferente de uma atividade individual, na qual o aluno é o único responsável pelo seu desempenho, o progresso dos times passa por diferentes responsabilidades que cada um tem que assumir ao longo da disciplina.

Todos precisam ser autônomos e protagonistas do aprendizado para que tudo dê certo.

Responsabilidade individual prévia

Como dito, os estudantes precisam se preparar com antecedência para as atividades. Caso isso não aconteça, o desempenho de todo o grupo pode ser afetado. 

Essa falta de preparação impede que o grupo progrida e faz com que os outros membros sejam responsabilizados por uma atitude individual.

Responsabilidade com o desempenho do grupo

Após se preparar individualmente, cada aluno é responsável por contribuir com o trabalho em equipe. Para isso, o professor deve os envolver no processo de avaliação, através da avaliação por pares.

Na avaliação por pares, os membros da equipe têm a possibilidade de avaliar a contribuição dos colegas para o trabalho em grupo. 

Basta você entregar uma folha a cada um dos estudantes, diga-os que é anônimo, pois isso os ajudará com a imparcialidade na hora de atribuírem notas aos outros.

Eles podem avaliar a presença, preparação prévia e participação coletiva dos colegas, a fim de ajudar o professor a levantar informações sobre o trabalho individual, como no exemplo abaixo:

Grupo 1PresençaPreparação PréviaParticipação
Aluno 1
Aluno 2
Aluno 3

Responsabilidade com o desempenho coletivo

É importante criar um sistema de avaliação que coloque os projetos desenvolvidos pelos times em comparação.

Isso tem o objetivo de avaliar o desempenho das equipes, despertando a capacidade de emitir opinião e analisar o trabalho dos demais.

Para promover a troca entre as equipes, o professor deve criar um sistema de classificação, o qual incentive a interação entre os grupos. A avaliação deve ser baseada em:

  1. Desempenho individual;
  2. Desempenho da equipe;
  3. Contribuição de cada membro para o sucesso da equipe.

3º Princípio – As atividades devem promover interação

É fundamental que as tarefas promovam a interação entre os membros do grupo, por isso, atividades que permitam o diálogo, como a tomada de decisões e o relato de experiências, geram bons resultados.

Por outro lado, trabalhos que envolvam atividades complexas, como a produção de artigos e apresentações orais, podem induzir à divisão do grupo, em que cada um faz uma parte individualmente.

Essas atribuições limitam a interação entre os membros da equipe, prejudicando a comparação do desempenho entre as equipes.

4º Princípio – Feedback constante

Para que uma metodologia TBL seja eficaz, os grupos precisam de retorno constante e imediato das atividades.

Assim, o feedback deve ser realizado através da avaliação de garantia de preparo individual e em grupo que os alunos entregam.

Além disso, o professor também deve estar sempre próximo aos grupos para ajudá-los na resolução do problema.

Os feedbacks têm a função de motivar os alunos a manter um nível de aprovação nas atividades, visto que o retorno é compartilhado entre o grupo. 

Vantagens do TBL na aprendizagem

A aprendizagem baseada em equipes traz benefícios difíceis de serem alcançados em modelos tradicionais de ensino.

Entretanto, para que ela seja bem aplicada, é preciso que haja um treinamento com os professores.

Sua eficácia está relacionada com o forte estímulo à colaboração, que resulta em grupos mais motivados e engajados com o aprendizado.

Entre os principais benefícios do TBL, podemos destacar:

  • Aprender a lidar com a pressão de grupo;
  • Organização e gerenciamento do tempo;
  • Suporte social e redução de desigualdade entre os alunos;
  • Redução do desnível escolar;
  • Desenvolvimento de mais empatia;
  • Espírito de equipe;
  • Desenvolvimento de habilidades de liderança;
  • Aumento da criatividade;
  • Formação de um corpo docente entusiasmado e mais.

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Como aplicar uma metodologia TBL de forma online?

No ensino presencial, aplicar a aprendizagem baseada em times é bem interessante, mas é possível aplicá-la também no ensino a distância.

O TBL Active é uma plataforma gratuita voltada à aplicação da metodologia ativa de aprendizagem em grupos de forma online.

A plataforma permite que o professor siga os passos da metodologia TBL nas suas atividades, com feedbacks imediatos, relatórios e gerenciamento de grupos.

Com o TBL Active, o professor pode criar uma sala virtual, elaborar os questionários e aplicar as atividades, individual e coletivamente.

O docente pode acompanhar a evolução dos estudantes instantaneamente, que também têm acesso aos feedbacks e respostas imediatas.

Ao finalizar, a plataforma gera dois relatórios para o docente.

  1. Relatório das notas dos estudantes, com acertos individuais e em equipe;
  2. Relatório com gráficos de desempenho em cada questão, podendo apontar conteúdos que precisam de reforço.

Por isso, é possível aplicar também essa metodologia de aprendizagem em equipes no ensino remoto.

Conclusão

A metodologia TBL é uma estratégia baseada em princípios coletivos que consideram o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.

A TBL é diferente de trabalhos em grupo tradicionais, porque segue uma estrutura de ensino pensada estrategicamente para valorizar as habilidades interpessoais.

Assim, trazer a aprendizagem baseada em equipes para a sala de aula contribui para a reflexão e motivação dos alunos em direção a um ensino ativo e os coloca no centro do processo educacional.Para ter todas essas metodologias e várias outras sempre em mãos, baixe nosso guia de metodologias ativas e revolucione sua escola!

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Fontes

Team based learning collaborative

Team-Based Learning como Forma de Aprendizagem Colaborativa e Sala de Aula Invertida com Centralidade nos Estudantes no Processo Ensino-Aprendizagem

Getting Started with Team-based Learning