O processo de ensino-aprendizagem é marcado por inovações que têm o objetivo de melhorar a qualidade da educação. Neste sentido, estratégias como a aprendizagem colaborativa surgem para dar visibilidade a novas metodologias em sala de aula.
Isso porque através da interação entre os colegas e do apoio do professor, o estudante torna-se protagonista de seu próprio aprendizado, buscando construir o conhecimento pela colaboração e contribuindo para o desenvolvimento coletivo.
Por isso, preparamos este artigo com aplicações de aprendizagem colaborativa para você aplicar em sua escola.
Boa leitura!
O que é aprendizagem colaborativa em sala de aula?
A aprendizagem colaborativa ou aprendizagem cooperativa é uma metodologia de ensino na qual os alunos trabalham coletivamente. Isso pode ser feito:
- em duplas,
- pequenos grupos
- grandes equipes,
com o objetivo de desenvolver as competências e habilidades esperadas em cada disciplina.
Essa abordagem tem influência do método de ensino construtivista e parte da consciência de que os alunos são responsáveis pelo próprio aprendizado, contribuindo para o sucesso dos colegas.
Além disso, as metodologias que utilizam a aprendizagem colaborativa atingem os níveis mais profundos da pirâmide da aprendizagem, conceito elaborado por William Glasser.
Ao estudar e debater com os colegas, o aluno é estimulado a aprender e a ensinar, aumentando a sua autorrealização e se sentindo mais motivado.
Quais as características da aprendizagem colaborativa?
Diferente das salas de aula tradicionais, em que um grupo de alunos apenas acompanha a explicação dos professores, a aprendizagem colaborativa propõe um método em que o ensino é construído pelos próprios estudantes.
Dessa forma, os papéis em sala de aula são invertidos, bem como o próprio espaço onde a aula acontece.
No modelo da aprendizagem colaborativa, o professor deixa de ocupar o papel de detentor do conhecimento, atuando como mediador do aprendizado.
Por sua vez, o estudante assume o protagonismo e participa ativamente do processo de aprendizagem.
Dessa forma, o aprendizado torna-se um bem compartilhado, em que não cabe competição ou disputa por protagonismo.
Por isso, os estudantes devem ser estimulados a saírem da zona de conforto e assumirem uma postura proativa.
Isso acontece, entre outros caminhos, através da investigação e da troca de experiências.
Para tal, o conteúdo das aulas precisa fazer parte da linguagem e do dia a dia dos estudantes. Assim, aprendendo através da prática, o aluno pode assimilar o conhecimento e levá-lo a outras esferas de sua vida.
Quais os benefícios da aprendizagem colaborativa?
Estratégias de ensino que usam a aprendizagem colaborativa trazem diversos benefícios para os alunos. Confira a lista de pontos que podem ser reforçados através da abordagem:
- Trabalho em equipe – experimentar a colaboração nas atividades permite que os estudantes aprendam a conviver em harmonia.
- Desenvolvimento de competências socioemocionais – lidar com frustrações e com a expectativa do outro desenvolve habilidades comportamentais e soft skills.
- Desenvolvimento da autoestima – ao ser aceito e trabalhar para o bem comum, o aluno se sente mais realizado e feliz com o próprio desenvolvimento.
- Melhora a comunicação – as aprendizagem colaborativas estimulam a conversação e a comunicação síncrona e assíncrona com mais clareza.
- Estimula o pensamento crítico – os estudantes são incentivados a refletir sobre a opinião do outro e encontrar suas próprias convicções.
- Conhecimento acontece na prática – diferente da memorização de conceitos, as atividades colaborativas estimulam a aprendizagem prática do que é aprendido.
- Saber escutar e ser escutado – o estudante passa a desenvolver habilidades como compreensão e escutar diferentes pontos de vista.
- Aumenta o engajamento – a motivação para aprender e a troca de experiências proporciona um maior envolvimento dos alunos com a aula.
- Senso de comunidade – os alunos sentem-se pertencentes a um grupo, e sabem que contribuem para o sucesso coletivo
Como implementar a aprendizagem colaborativa no ensino híbrido?
O ensino híbrido trouxe para as escolas uma nova visão para a aprendizagem colaborativa.
Através da combinação de recursos digitais com o ensino presencial, o aprendizado é enriquecido com conteúdo online, tarefas gamificadas e novas formas de avaliar.
No entanto, um dos grandes desafios ao desenvolver a aprendizagem colaborativa em aulas híbridas é a necessidade de elaborar estratégias que possibilitem a interação entre os alunos, contando com a participação de todos durante o processo.
Para o sucesso da aprendizagem colaborativa, é necessário adotar meios para motivar os alunos e promover um ambiente em que eles sintam-se à vontade para expor suas ideias e solucionar suas dúvidas.
Por isso, a gestão escolar precisa encontrar estratégias que tornem as aulas híbridas relevantes, e não apenas transferir o conteúdo das aulas expositivas para o ambiente virtual.
Como aplicar a aprendizagem colaborativa na escola
Aplicar atividade colaborativa na escola se torna uma atividade muito mais fácil utilizando 3 estratégias:
Use ferramentas virtuais interativas
Aulas cooperativas podem envolver ferramentas que permitem a interação em tempo real, com videoconferências, quadros colaborativos e jogos virtuais.
Ferramentas como o Miro, Trello, e Padlet permitem que diversas pessoas trabalhem em um mesmo espaço e colaborem em tempo real com o trabalho coletivo.
Da mesma forma, recursos do Google Classroom fornecem um ambiente virtual enriquecido para aulas dinâmicas e personalizadas.
Crie boas práticas de comunicação
Explorar a comunicação síncrona e assíncrona é uma boa forma de manter a produtividade sem interferir na rotina individual de cada aluno.
Por isso, considere criar momentos em que todos vão colaborar nas aulas e canais para discussão e desenvolvimento do conteúdo.
Mesmo com uma cultura digital eficaz, a falta de supervisão e apoio do professor pode prejudicar o desenvolvimento dos estudantes e até mesmo retardar o andamento de uma turma.
Por isso, a tutoria online se torna uma importante aliada na tarefa de melhorar o ritmo de aprendizagem nas aulas híbridas e reduzir o déficit de aprendizagem.
Inove no plano de avaliação colaborativa
A avaliação de aprendizagem é um momento muito importante no ensino híbrido para avaliar o desempenho das atividades e propor novos caminhos.
Em abordagens colaborativas, as avaliações também podem acontecer em grupos e envolver os recursos digitais.
Uma forma de avaliar a aprendizagem colaborativa é a avaliação por pares, na qual os alunos avaliam entre si o desempenho dos colegas.
Assim, mais do que separar alunos bons ou ruins, a avaliação é vista como um estímulo à aprendizagem de forma propositiva.
Atividades colaborativas: exemplos
Veja algumas possíveis atividades cooperativas, algumas com o uso de tecnologias e outras utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Gamificação
A gamificação é uma excelente forma de aplicar a aprendizagem cooperativa, isso pois os jogos já, normalmente, envolvem trabalho em equipe.
Existem diversos tipos de games que podem ser utilizados, veja algumas dicas abaixo:
- Quizziz: permite que os alunos sejam divididos em times, o que torna um excelente exemplo de atividade colaborativa. Nele, é possível criar vários tipos de perguntas, desde questionário até algo para colocar em ordem algumas palavras ou frases. Além disso, desenhos também podem ser feitos.
- Minecraft education: é uma versão educacional do popular jogo Minecraft. Os professores podem criar mundos interativos onde os alunos colaboram para resolver problemas, desenvolver habilidades criativas e explorar conceitos educacionais.
- Classcraft: permite que os professores criem experiências de escape room digital. Os alunos colaboram para resolver enigmas e desafios, aplicando conhecimentos acadêmicos de uma maneira divertida.
Rotação por estações
A metodologia ativa de rotação por estações é uma abordagem envolvente que pode promover a aprendizagem colaborativa. Aqui estão os passos para aplicar essa metodologia:
Passos
- Planejamento:
- Identifique os tópicos ou conceitos que serão abordados nas estações. Cada estação deve ter uma atividade específica relacionada ao conteúdo da aula e nenhuma pode ser pré-requisito da outra.
- Divisão em Grupos:
- Divida a turma em grupos pequenos, de acordo com o número de estações disponíveis. Se possível, crie grupos heterogêneos para promover a diversidade de habilidades.
- Rotação por Estações:
- Organize as estações pela sala de aula. Certifique-se de que cada estação tenha uma explicação clara da atividade a ser realizada.
- Tempo nas Estações:
- Defina um período de tempo para cada estação, normalmente são 15 minutos, mas isso pode variar com base no tempo disponível de aula. Um temporizador ou sinal sonoro pode indicar a transição entre estações.
- Atividades nas Estações:
- Em cada estação, forneça uma atividade que exija colaboração. Pode ser uma discussão em grupo, resolução de problemas, análise de caso, experimento prático, entre outros. Certifique-se de que as atividades estejam alinhadas com os objetivos de aprendizagem.
- Facilitação:
- Circule entre as estações para fornecer suporte, esclarecer dúvidas e observar a colaboração. Isso permite que você avalie o progresso dos alunos e faça ajustes conforme necessário.
- Rotação:
- Os grupos se movem para a próxima estação de acordo com o plano preestabelecido, normalmente simplesmente é uma rotação no sentido horário ou anti-horário.
- Discussão Final:
- Ao final da atividade, conduza uma discussão em grupo para que os alunos compartilhem suas experiências, aprendizados e como a colaboração impactou sua compreensão do conteúdo.
- Avaliação:
- Avalie não apenas o desempenho individual, mas também a participação e contribuição do grupo. Isso pode incluir observações durante a atividade e a análise do trabalho produzido.
A rotação por estações promove a aprendizagem ativa, permitindo que os alunos assumam a responsabilidade por seu próprio aprendizado, explorem diferentes abordagens e colaborem de maneira significativa.
Caça ao tesouro
Uma ótima atividade colaborativa é um caça ao tesouro, pois todos os estudantes tem que procurar e pensar nas pistas.
Materiais Necessários
- Pistas impressas ou digitais.
- Prêmios simbólicos para o grupo vencedor.
Passos
- Divisão em Grupos:
- Divida a turma em grupos pequenos. Tente formar equipes heterogêneas para incentivar a diversidade de habilidades.
- Introdução:
- Explique a atividade aos alunos. Eles estão prestes a embarcar em uma “Caça ao Tesouro do Conhecimento”, em que encontrarão pistas e resolverão desafios relacionados aos temas abordados em sala de aula.
- Criação de Pistas:
- Crie uma série de pistas relacionadas aos tópicos que deseja revisar. Cada pista levará os grupos a um local diferente na escola.
- Estações e Desafios:
- Em cada local, coloque uma estação com um desafio relacionado ao conteúdo da aula. Os alunos precisarão trabalhar em conjunto para resolver os desafios.
- Resolução de Desafios:
- Os desafios podem variar de perguntas de revisão, quebra-cabeças, atividades práticas ou até mesmo interações com professores que fornecerão informações adicionais.
- Registro de Respostas:
- Os grupos devem manter um registro de suas respostas e soluções à medida que avançam. Isso pode ser feito digitalmente ou em papel.
- Troca de Informações:
- Integre um elemento de troca de informações entre os grupos. Por exemplo, um grupo pode precisar compartilhar uma resposta correta com outro grupo para obter uma pista adicional.
- Conclusão:
- O tesouro final pode ser um prêmio simbólico ou mesmo a conclusão de um enigma final que destaque um conceito-chave.
- Discussão Pós-Atividade:
- Após a conclusão da caça ao tesouro, reúna os alunos para uma discussão sobre o que aprenderam, como colaboraram e como os conceitos foram aplicados durante a atividade.
Essa caça ao tesouro colaborativa não apenas reforça os conceitos ensinados em sala de aula, mas também promove trabalho em equipe, pensamento crítico e resolução de problemas de maneira divertida e envolvente.
RPG como atividade colaborativa
Usar RPG de mesa fomenta a aprendizagem colaborativa e a aplicação prática de conceitos estudados através de simulação de situações do mundo real.
Passos:
- Seleção do Cenário:
- Escolha um cenário relevante para o conteúdo da aula. Pode ser uma situação histórica, um problema do mundo real, ou uma cena fictícia relacionada ao tema estudado.
- Divisão em Grupos:
- Divida os alunos em grupos pequenos. Certifique-se de que cada grupo tenha papéis distintos para desempenhar durante a simulação.
- Atribuição de Papéis:
- Atribua a cada membro do grupo um papel específico no cenário. Por exemplo, em uma atividade relacionada à história, os papéis podem incluir personagens históricos. Se for uma situação do mundo real, os papéis podem representar diferentes profissões ou pontos de vista.
- Contextualização:
- Contextualize a situação para os alunos, apresentando o cenário, os personagens e os objetivos da atividade. Além disso, explique como a simulação se relaciona com o conteúdo da aula.
- Desenvolvimento de Personagens:
- Dê tempo para os grupos desenvolverem seus personagens, discutindo motivações, perspectivas e conhecimentos. Ademais, incentive a pesquisa adicional se necessário.
- Preparação de Cenários:
- Se necessário, os grupos podem criar cenas ou diálogos que ajudarão a representar a situação. Eles podem usar recursos visuais, como cartazes ou apresentações de slides, para melhorar a simulação.
- Simulação:
- Deixe os grupos conduzirem a simulação, interagindo uns com os outros conforme seus papéis. Entretanto, os alunos não podem deixar de aplicar os conceitos aprendidos durante a simulação.
- Observação e Feedback:
- Observe as interações entre os grupos. Você pode fornecer feedback durante a atividade ou reservar um tempo no final para discutir os resultados e as experiências.
- Discussão Pós-Atividade:
- Realize uma discussão em grupo após a simulação. Peça aos alunos que compartilhem suas experiências, desafios encontrados e insights obtidos. Isso ajuda a consolidar a aprendizagem.
Essa atividade de role-playing não apenas incentiva a aplicação prática dos conhecimentos, mas também desenvolve habilidades de comunicação, empatia e trabalho em equipe entre os estudantes.
Projeto de pesquisa em grupo
Atribua um tópico ou problema relacionado ao conteúdo da aula e peça aos alunos que trabalhem em grupos para realizar uma pesquisa aprofundada.
Cada grupo pode ser responsável por apresentar suas descobertas para a classe, promovendo a troca de conhecimento.
Dessa forma, essa atividade incentiva a colaboração, a pesquisa e a comunicação eficaz.
Conclusão
Portanto, neste artigo, apresentamos um primeiro passo para desenvolver a interação e a colaboração nas suas aulas, seja no contexto presencial ou virtual.
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