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O manifesto ágil foi um marco para o desenvolvimento de software na sua época, suas contribuições vivem até hoje.

Este texto pretende fazer uma uma reflexão de como este documento pode ter contribuições para o pensamento pedagógico contemporâneo, propondo um método de ensino ágil.

Em 2001, 17 desenvolvedores de softwares se reuniram para redefinir os padrões de elaboração de projetos. Eles conseguiram traduzir o movimento transformador que estava ocorrendo na época. 

O resultado dessa reunião foi a publicação do Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de Software

Esse manifesto baseia-se em quatro valores e doze princípios. Ele impactou de maneira disruptiva a organização das empresas e o comportamento em relação aos clientes e aos demais times. 

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A visão do ensino ágil

Embora seja relacionada a um setor tecnológico, os impactos do Manifesto e do Desenvolvimento Ágil proposto por eles são aplicáveis em qualquer setor social, incluindo as escolas. 

Logo, podemos pensar em um ensino ágil. 

“A educação é um terreno essencial e fértil para expandir práticas ágeis para além do desenvolvimento de software. Professores do ensino fundamental, médio e superior em todo o mundo estão começando a usar práticas ágeis para criar uma cultura de aprendizagem.

As técnicas ágeis são usadas para estabelecer o foco na classificação de prioridades concorrentes. A interação face à face, o aprendizado significativo, as equipes autogerenciáveis e o aprendizado incremental e iterativo que exploram a imaginação são princípios ágeis que podem mudar a mentalidade na sala de aula e fazer avançar os objetivos educacionais.” 

(Guia Ágil, Agile Alliance/PMI) 

Nesta reflexão vamos conectar os quatro valores do Manifesto Ágil ao campo educativo e à nova escola que se desenha para continuar relevante no século XXI. 

Esses quatro valores são comportamentos esperados que sejam coerentes com a mentalidade ágil.

“Indivíduos e interações mais do que processos e ferramentas” 

A escola tradicional foi formatada no início do século XX, em um momento de padronização de rituais que atendessem ao funcionamento da produção em massa da indústria. 

A previsibilidade desses padrões era importante para manter o controle e evitar improvisos.

Infelizmente, os que não se enquadravam no padrão estabelecido, precisavam se retirar da escola. Se o objetivo era preparar para o mercado de trabalho, os “inadequados” ocupariam os cargos menos desejados da sociedade. 

Logo, os processos eram muito mais importantes do que as pessoas.

Porém, estamos vivemos um momento de transição. Valorizar as pessoas em primeiro lugar tem colocado em xeque muitos processos dentro da escola. Esse ano em especial, devido ao distanciamento social, isso ficou muito evidente. 

Alcançar os alunos tornou-se prioridade para as escolas e o cuidado personalizado foi uma orientação do Conselho Nacional de Educação. Por isso, se o aluno estava com problemas de acesso à internet, precisou ser alcançado de outra forma. 

Foi preciso adaptar e modificar propostas para tornar possível alcançar a todos os alunos. Até mesmo os processos avaliativos, baseados em provas escritas foram repensados, aceitando-se também avaliar através de processos não lineares para facilitar a aprendizagem.

Pessoas são mais importantes que processos e devem ser a base para todas as ações. Na prática, muitas vezes, o aluno é impedido de ter seu problema resolvido simplesmente porque o sistema não permite, o processo definido não aceita exceções. 

Até mesmo as metodologias de ensino estão se tornam cada vez mais ativas para envolver os alunos nas aulas como verdadeiros protagonistas. Afinal, todos os projetos e o planejamento escolar são feitos por pessoas e para pessoas.

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Software em funcionamento mais que documentação abrangente

No nosso contexto de escola, pense no software como a aprendizagem. Um amplo planejamento de ensino é necessário e não deixará de existir. A entrega está sendo feita? Qual é a entrega final de uma escola? 

É preciso se questionar sempre se estamos atingindo a aprendizagem plena de cada um dos estudantes. Afinal, não basta ter uma linda documentação que explicite os objetivos de ensino e conteúdos dos componentes curriculares. 

O importante é fazer alterações conforme necessário, trocar os caminhos escolhidos. Isso não quer dizer que a documentação do planejamento não é importante, mas é preciso fazer somente o necessário para evitar desperdício de tempo. 

Assim, a ideia é facilitar a comunicação e o funcionamento pedagógico focando no importante e reduzindo burocracia desnecessária.

“Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos”

Esse valor nos lembra de sermos mais flexíveis e colaborativos. É similar à diferença entre “estar certo” e “fazer a coisa certa”. 

Se os novos alunos têm uma preferência de ensino e expectativas diferentes, é melhor ser flexível para conseguirmos nos conectar a eles.

Lembre-se de flexibilidade até mesmo para avaliar. Os critérios podem ser centrados em melhorar o processo para o aluno. Por que não dar voz a ele? 

Quando o foco são pessoas, nossa maior prioridade é garantir o aprendizado ao estudante, para ampliar seus conhecimentos. Então precisamos colaborar com ele em uma parceria que torne possível a entrega contínua de uma aprendizagem de valor.

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“Responder às mudanças mais que seguir um plano”

A questão é saber que nossos planos iniciais podem ser inadequados, já que no início do ano não temos clareza de tudo que pode envolver os processos de aprendizagem. 

Não podemos ter medo da mudança, porque acontece independente de nós e esse ano é novamente um exemplo. Ninguém imaginaria que teríamos que transpor para o virtual não somente as aulas, mas também os eventos escolares e as reuniões. 

Precisamos estar prontos e para fazer um planejamento é preciso nos atualizarmos! Todo planejamento deve balancear o planejar com o mudar. Não vivemos mais em mundo de certezas, mas de incertezas. 

Por esses motivos, dizemos que a abordagem do ensino ágil requer adaptação, flexibilidade e criatividade. Essas são soft skills da educação 5.0 e devem ser desejadas por todos que compõem a escola do século XXI. 

Quando relacionamos a aprendizagem com a abordagem ágil é porque acreditamos que, da mesma forma como aqueles líderes do movimento ágil perceberam a transformação que ocorria em sua área de atuação e a traduziram, percebemos as mudanças que vêm ocorrendo no campo educativo. 

Assim, vale à pena pensar sobre um ensino ágil e construir uma escola mais conectada com seus estudantes. Nessa missão, o TutorMundi pode ajudar! Veja como! Conheça como são as nossas aulas!

Referências:

Project Management Institute, Inc. Guia Ágil. Chicago: Grupo de Editores Independentes, 2017. 

MORAN, José. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2007. 

MELLO, Cleyson; NETO, José; PETRILO, Regina. Educação 5.0: educação para o futuro. Rio de Janeiro: Freita Bastos, 2020.