A violência escolar é um problema crescente que tem chamado a atenção de educadores, pais e autoridades.

Entretanto, não é um problema fácil de resolver, mas é possível amenizá-lo.

Por isso, preparamos este artigo com formas da gestão escolar combater a violência escolar. Boa leitura!

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O que é violência escolar?

De acordo com a definição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a violência escolar pode ser caracterizada como toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à escola, à comunidade escolar ou a algum de seus membros.

O conceito de violência escolar é amplo e abrange diversas manifestações. O pesquisador francês Bernard Charlot propõe uma distinção entre três tipos de violência relacionadas ao ambiente escolar:

  1. Violência na escola: Refere-se a situações violentas que ocorrem no ambiente escolar, mas não estão diretamente relacionadas às atividades escolares.
  2. Violência à escola: Caracteriza-se por atos como insultos aos professores, vandalismo e danos ao patrimônio escolar.
  3. Violência da escola: Envolve práticas institucionais que podem ser prejudiciais aos estudantes, como preconceitos, estereótipos e abuso de poder.

No geral, todas as 3 formas são violência escolar para este artigo.

Tipos de violência escolar

Tipos de violência escolar

A violência escolar se manifesta de diversas formas, cada uma com suas próprias características e impactos. Segundo a cartilha “Violência Escolar: conhecer para prevenir” do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba, podemos identificar os seguintes tipos de violência:

  1. Violência física: Inclui atos como empurrar, bater e chutar, podendo resultar em lesões graves ou até mesmo em homicídio.
  2. Violência psicológica/moral: Abrange insultos, ofensas, ameaças, discriminações, humilhações e exclusão social.
  3. Violência sexual: Envolve atos violentos de cunho sexual, como assédio, importunação e estupro.
  4. Violência patrimonial: Compreende furtos, roubos, destruição de bens, vandalismo e depredação.
  5. Negligência: Caracteriza-se pela omissão, falta de cuidado e inobservância de deveres e obrigações.
  6. Bullying: Consiste em atos violentos praticados de maneira repetitiva por um ou mais indivíduos contra membros da comunidade escolar.
  7. Cyberbullying: É uma modalidade de bullying praticada no meio virtual, utilizando redes sociais, aplicativos e e-mails para constranger, humilhar e intimidar as vítimas.
  8. Trote violento: Refere-se a atos abusivos geralmente praticados por veteranos contra calouros, sob o pretexto de promover a integração dos alunos recém-ingressos.

Causas da violência nas escolas

A violência escolar é um fenômeno complexo que tem suas raízes em diversos fatores.

Por isso, para compreender melhor esse problema, é importante analisar as principais causas que contribuem para sua ocorrência.

Estas podem ser divididas em três categorias principais: fatores sociais, fatores familiares e fatores individuais.

Fatores sociais

Os fatores sociais têm um impacto significativo na violência escolar. Veja alguns deles em seguida:

Desigualdade social

A desigualdade social é uma das principais causas, pois a falta de oportunidades e de acesso à educação de qualidade pode gerar um sentimento de revolta e exclusão nos estudantes.

Isso pode levá-los a adotar comportamentos agressivos como forma de se destacar ou expressar sua frustração.

Em suma, a pobreza pode levar à violência.

Falta de investimento

Além disso, a falta de investimento na educação também contribui para o problema.

Quando há escassez de recursos para melhorar as estruturas físicas das escolas e capacitar os professores, cria-se um ambiente de desmotivação e desrespeito que pode culminar em atos violentos.

Ademais, a falta de segurança pública e a influência da mídia, que muitas vezes expõe os jovens a conteúdos violentos, são fatores que agravam a situação.

Tráfico de drogas

O tráfico de drogas nas proximidades das escolas é outro fator externo que aumenta significativamente a probabilidade de ocorrência de agressões dentro do ambiente escolar.

Esse problema não só coloca os estudantes em risco direto, mas também cria um clima de insegurança e tensão que pode se manifestar em comportamentos violentos.

Fatores familiares

O ambiente familiar tem um papel crucial no desenvolvimento do comportamento dos jovens e, consequentemente, na ocorrência de violência escolar.

Problemas familiares, como a desestruturação do lar, podem afetar significativamente o comportamento dos estudantes.

Pesquisas indicam que tanto as crianças que sofrem bullying quanto as que praticam têm histórico de más relações familiares. Essas relações são frequentemente caracterizadas por:

  1. Falta de diálogo saudável e envolvimento emocional;
  2. Má relação conjugal entre os pais ou cuidadores;
  3. Uso de punições físicas como forma de disciplina.

A violência doméstica é outro fator significativo.

Crianças expostas a ambientes familiares perturbados ou desestruturados tendem a reproduzir na escola o uso de força e intimidação ao qual são submetidas em casa.

Isso cria um ciclo vicioso de violência que se perpetua do ambiente familiar para o escolar.

Fatores individuais

Além dos fatores sociais e familiares, características individuais também podem contribuir para a violência escolar.

A falta de valores éticos e morais, que pode ser resultado tanto de influências familiares quanto sociais, é uma causa importante da violência na escola. 

É importante ressaltar que esses fatores não agem isoladamente, mas interagem de forma complexa.

Por exemplo, a ausência dos pais, muitas vezes devido à necessidade de trabalhar longas horas para sustentar a família, pode resultar em falta de afeto e valores, o que por sua vez pode levar a comportamentos violentos na escola.

Para enfrentar efetivamente a violência escolar, é necessário adotar uma abordagem holística que considere todos esses fatores.

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Impactos da violência escolar

A violência escolar tem consequências profundas e duradouras que afetam não apenas os alunos, mas a comunidade em geral.

Esse fenômeno complexo tem um impacto significativo no ambiente educacional e na sociedade como um todo.

Efeitos nos alunos

A exposição à violência no ambiente escolar pode ter um impacto devastador na saúde mental e no desenvolvimento dos estudantes.

Crianças e jovens vítimas de violência enfrentam dificuldades na construção de uma imagem positiva de si mesmos, o que pode levar a problemas de autoestima e identidade.

Além disso, há um aumento nos riscos de depressão e tendências suicidas entre os alunos que sofrem violência escolar.

Essas experiências negativas podem resultar em consequências graves, como transtornos alimentares e, em casos extremos, evasão escolar.

A violência escolar, portanto, não apenas compromete o bem-estar imediato dos alunos, mas também pode ter impactos duradouros em seu futuro educacional e profissional.

Efeitos na comunidade

A violência escolar não se limita aos muros da instituição; ela tem um impacto significativo na comunidade como um todo.

Quando a violência se manifesta no ambiente escolar, ela afeta o direito de ir e vir dos indivíduos, cerceando sua autonomia e felicidade de forma opressora.

Para enfrentar esse desafio, é crucial que a escola seja vista como um lugar de acolhimento e escuta, servindo como um alicerce contra comportamentos prejudiciais adquiridos por esse problema social.

A identificação precoce de indivíduos com tendência a apresentar comportamento violento é fundamental, e a escola desempenha um papel relevante nesse processo.

Em suma, os impactos da violência escolar são multifacetados e afetam profundamente alunos, professores e a comunidade em geral.

Estratégias de prevenção

A prevenção da violência escolar é uma tarefa complexa que requer uma abordagem multifacetada. Veja algumas formas em seguida:

Programas de conscientização

Uma das formas de prevenir a violência escolar é através de programas de conscientização.

Estes programas visam educar alunos, professores e famílias sobre os diferentes tipos de violência e suas consequências.

Além disso, é crucial manter um diálogo aberto com os alunos e suas famílias. Quando os estudantes se sentem seguros e acolhidos, eles têm maior probabilidade de buscar ajuda em caso de problemas.

Melhorias na segurança

Implementar medidas de segurança física é fundamental para prevenir a violência escolar. Isso pode incluir a instalação de câmeras de segurança, cercas e portões devidamente fechados.

No entanto, é importante lembrar que a segurança vai além das medidas físicas. A supervisão adequada em áreas comuns, como banheiros, corredores e áreas externas da escola, é igualmente crucial.

Entretanto, vale lembrar que isso é apenas paleativo, não resolve o problema, apenas facilita o diagnóstico.

Desenvolvimento de habilidades socioemocionais

O desenvolvimento de habilidades socioemocionais tem se mostrado uma estratégia eficaz na prevenção da violência escolar.

Programas que focam nessas habilidades ajudam os alunos a desenvolver competências como:

  • autoconsciência,
  • autorregulação,
  • empatia
  • e tolerância ao estresse.

Essas habilidades são ferramentas valiosas para os estudantes gerenciarem suas emoções, se comunicarem de maneira mais eficaz e criarem relacionamentos mais sólidos.

Um exemplo bem-sucedido é o programa Diálogos Socioemocionais, implementado na Secretaria Estadual de Educação do Mato Grosso do Sul entre 2019 e 2021.

Este programa focou no desenvolvimento de competências socioemocionais dos alunos, como empatia, comunicação e solução de problemas, resultando em uma redução significativa de comportamentos indesejáveis, incluindo bullying e automutilação.

Psicólogos nas escolas

A presença de psicólogos nas escolas é uma estratégia fundamental para prevenir e lidar com a violência escolar.

Isso pois, o apoio psicológico desempenha um papel crucial na intervenção contra a violência escolar.

A psicoterapia de apoio permite que a pessoa compreenda melhor sua situação e desenvolva mecanismos de defesa mental.

Algumas das principais intervenções psicológicas incluem:

  1. Reconstrução da autoestima
  2. Diminuição de comportamentos e sentimentos depreciativos
  3. Trabalho na auto validação da pessoa
  4. Treinamento de habilidades sociais
  5. Redução da ansiedade e do estresse

É importante ressaltar a necessidade de profissionais de psicologia e serviço social nas escolas, conforme estabelecido pela Lei 13.935 de 2019.

Esses profissionais podem atuar como agentes de mudança, promovendo reflexões sobre o tema da violência e conscientizando os agentes institucionais sobre seus papéis.

Portanto, eles podem criar espaços de escuta psicológica, ressignificando as relações interpessoais na escola e transformando práticas que impedem a consolidação de um ambiente saudável.

Os psicólogos escolares também podem assessorar o trabalho coletivo da escola, instrumentalizando a equipe através de estudos e capacitações.

Além disso, podem promover espaços de discussão sobre temas como estratégias de comunicação, construção de um ambiente de confiança e respeito mútuo, e elaboração de normas e regras institucionais, tudo corroborando a redução da violência escolar.

Projeto paz na escola

O projeto “Paz na Escola” é uma iniciativa que visa fortalecer a cultura de paz nas escolas e tornar a educação para a não violência uma prioridade.

Este projeto busca envolver as crianças como protagonistas no processo de compreensão e prática da não violência em seu cotidiano escolar.

Algumas atividades que podem ser implementadas como parte deste projeto incluem workshops sobre comunicação não violenta, o “Dia do Amigo” com atividades recreativas, e a promoção de uma caminhada pela paz.

Dessa forma, essas atividades não só promovem a reflexão individual, mas também constroem um senso de comunidade e solidariedade entre os alunos.

Mediação de conflitos

A mediação de conflitos é uma estratégia eficaz para lidar com a violência escolar.

Trata-se de um mecanismo de gestão pacífica de conflitos por meio do diálogo, em que um mediador ajuda as partes envolvidas a resolver seus problemas de comum acordo.

O mediador ouve cada parte com empatia, identifica os verdadeiros interesses que causaram o conflito e auxilia na construção colaborativa de uma solução que beneficie ambos os lados.

Assim, esse mediador pode ser o diretor de disciplina, o orientador pedagógico, o vice-diretor ou até mesmo o capelão escolar.

Conclusão

A violência escolar é um problema complexo que tem um impacto profundo em alunos, professores e na comunidade em geral.

Ao longo deste artigo, exploramos as causas, impactos e estratégias para lidar com essa questão.

Portanto, ficou claro que, para combater a violência nas escolas, é necessário um esforço conjunto que envolva programas de conscientização, melhorias na segurança, desenvolvimento de habilidades socioemocionais e apoio psicológico.

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Referências


[https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2023-11/violencia-nas-escolas-tem-aumento-de-50-em-2023
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/07/04/temor-de-violencia-nas-escolas-atinge-90-dos-brasileiros-aponta-datasenado
https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/bullying-na-escola-esta-ligado-a-ma-relacao-familiar-diz-estudo/
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/7/violencia-escolar-uma-percepcao-social
https://www.scielo.br/j/neco/a/vmjWRJDXr4LgshFv77bdTKt/
https://portal.fiocruz.br/livro/impactos-da-violencia-na-escola-um-dialogo-com-professores
https://amb.org.br/brasilia-urgente/importancia-da-saude-mental-no-combate-a-violencia-nas-escolas-e-debatida-na-camara-dos-deputados/