A educação brasileira passa por mudanças significativas com a aprovação das reformulações na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), demandando que a gestão pedagógica se alinhe às mudanças.

O documento traz referências para a construção de currículos, materiais didáticos e formação de professores da Educação Básica e sobre como se dará o ensino nas quatro áreas do conhecimento nos próximos anos.

Assim, o principal desafio dos professores é entender as mudanças propostas na Base para cada área do conhecimento. 

Neste post vamos refletir sobre como a BNCC trará impactos para o ensino da Língua Portuguesa e quais as suas principais novidades.

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Qual é o objetivo da BNCC?

A BNCC, como o próprio nome indica, é a base a ser seguida pelas escolas brasileiras. Ela detalha o que todo aluno da educação básica tem direito de aprender, independente do lugar onde mora ou estuda. 

O documento não diz o que se deve ensinar, mas estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da jornada escolar.

Dessa forma, reduzindo as desigualdades educacionais existentes ao garantir para todos os mesmos conhecimentos essenciais e evitar que o aluno se sinta “deslocado” se for transferido de escola.

As dez competências gerais da BNCC

A BNCC propõe uma aprendizagem por competências e habilidades, as quais devem preparar os estudantes para a realidade de seu cotidiano, para serem capazes de resolver problemas reais.

A partir disso, ela aponta 10 competências gerais que devem nortear o ensino básico.

Imagem com todas as competências gerais da BNCC, sendo elas:
conhecimento, Pensamento científico, Repertório Cultural, Comunicação, cultura digital, projeto de vida, argumentação, autoconhecimento, empatia e cidadania.

O objetivo é desenvolver o aluno de forma integral, em aspectos que vão desde o letramento e o pensamento crítico a autonomia e empatia.

Nesse contexto, as capacidades intelectuais, sociais, físicas, emocionais e culturais dos alunos recebem maior atenção.

Além disso, o uso ético e responsável da tecnologia e sua inserção nas habilidades a serem desenvolvidas também têm destaque BNCC, aparecendo em 2 das 10 competências gerais. 

Qual é a relação entre competências e habilidades?

A BNCC aponta habilidades que devem ser desenvolvidas ao longo de toda a educação básica, com o objetivo de alcançar as 10 competências gerais. 

Assim, as habilidades são definidas como: conhecimentos que permitem o saber fazer

Por exemplo, ao aprender a ler e a escrever, o estudante está desenvolvendo uma habilidade, que está relacionada à capacidade de dominar o código alfabético, formular frases e entender conceitos de semântica e gramática.

O domínio dessa e outras habilidades tem como finalidade desenvolver uma competência, que no caso é o letramento, a compreensão e interpretação do texto através da leitura e da escrita. 

Em resumo, as competências são o conjunto de conhecimentos, valores e atitudes, que devem ser buscados pela educação.

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Quais as principais mudanças que a nova BNCC traz para a Língua Portuguesa?

A BNCC divide o aprendizado em 4 áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. 

A Língua Portuguesa faz parte da área de Linguagens, que concentra o maior número de componentes curriculares.

Fluxograma mostrando que na BNCC na área de linguagem existe:
Língua portuguesa
Língua estrangeira
Artes
Educação 
Física

Muito do que está posto na BNCC já está integrado com à educação da Língua Portuguesa graças aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em vigor desde 1998. 

A principal diferença está em um foco maior nos multiletramentos, considerando a diversidade textual que o uso das TDIC possibilita no cotidiano.

Além disso, a BNCC detalha, em diferentes habilidades, como levar novos gêneros textuais para a sala de aula.

Isso é feito na busca por um ensino contextualizado que valoriza a vivência do aluno e a sua experiência com as novas tecnologias da informação.

Quais são os quatro eixos da língua portuguesa?

O componente é dividido em quatro eixos temáticos, definidos pelas práticas de linguagem.

Eixo da leitura 

A Leitura na BNCC tem um sentido amplo, considerando não só o texto escrito, mas também a imagem estática, imagens em movimento, e o som, afinal eles acompanham muitos gêneros digitais.

Se antes o trabalho do professor estava focado em estratégias e modalidades de leitura, agora a BNCC traz novas competências, tais como:

Eixo da Produção de Textos

A produção textual ganha vários novos formatos com a BNCC. Da mesma forma que na leitura, essas habilidades devem ser desenvolvidas por meio de situações efetivas pertencentes aos gêneros textuais conhecidos pelos alunos.

Nesse sentido, a produção abraça diferentes ferramentas digitais, como:

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Eixo da Oralidade

Esse eixo compreende as práticas de linguagem que ocorrem em situação oral estão ligadas ao conhecimento e uso da fala e habilidade de escuta.

Assim, a BNCC amplia o enfoque, com exemplos do que deve ser trabalhado, de acordo com as práticas dos diferentes campos de atuação. 

Aqui novamente a intertextualidade está presente, e entre as habilidades estão o uso de podcasts, programas de rádio, webconferências, contação de histórias, entre outras. 

Eixo da Análise Linguística/Semiótica

Além dos conhecimentos morfossintáticos, semânticos e ortográficos já trabalhados, o eixo da análise linguística na BNCC traz a necessidade de um olhar analítico e integrado sobre os diferentes tipos de linguagem através da semiótica.

Nesse ponto, a análise textual também abarca memes, vídeos, games e a relação entre texto e imagem. Afinal, o aprendizado deve ser contextualizado em práticas de leitura e escrita, através de situações reais de uso na linguagem. 

A ideia é que tópicos como gramática e conjugação verbal sejam tratados como elementos que influenciam os gêneros textuais.

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Quais são as Unidades Temáticas de língua portuguesa?

Os campos de atuação, ou seja, os contextos em que os gêneros textuais são feitos e consumidos, também têm destaque na BNCC. E essa é a maior novidade do documento para a Língua Portuguesa.

Seguindo uma divisão em cinco campos de atuação, a BNCC propõe um percurso de ensino para todas as nove séries do Ensino Fundamental.

As habilidades são pensadas para cada campo, e evoluem progressivamente, acompanhando a evolução dos estudantes.

Essa divisão tem a função didática de possibilitar a compreensão que os textos fazem parte não só da prática escolar, mas de toda a vida social, contribuindo para a organização do conhecimento sobre a língua.

Além disso, amplia a integração com as outras disciplinas.

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Campo de atuação na vida cotidiana

Com o objetivo de fomentar a alfabetização ainda nos primeiros anos, esse campo é específico para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Ele traz conteúdos que mostram ao aluno como usar a linguagem para atividades do cotidiano, na escola e em casa com a família.

São alguns gêneros textuais desse campo: agendas, listas, bilhetes, recados, avisos, convites, cartas, cardápios, diários, receitas, regras de jogos e brincadeiras.

Campo artístico-literário

Colocar o aluno em contato com textos literários ainda nas séries iniciais é um dos pontos para instigar o gosto pela leitura. Esse campo favorece a diversidade cultural e experiências com estéticas. Por isso, deve estar presente em todo o Ensino Fundamental.

Alguns gêneros deste campo: lendas, mitos, fábulas, contos, crônicas, canção, poemas, poemas visuais, cordéis, quadrinhos, tirinhas, charge/cartum, dentre outros.

Campo de estudo e pesquisa

As práticas de estudo e pesquisa têm o objetivo de ensinar o aluno a ler gráficos, interpretar textos de divulgação científica e entender termos técnicos, colaborando com as outras áreas do conhecimento.

Esse campo atua de forma global no aprendizado, mostrando ao aluno que existem linguagens diversas e que cada uma delas têm sua coerência ao ser aplicada no contexto adequado. 

São alguns gêneros desse campo em mídia impressa ou digital:

Campo de atuação na vida pública

Esse campo trabalha temas que impactam questões de cidadania e coletividade. Por isso, ele é ensinado através de habilidades como a compreensão dos direitos e deveres do cidadão, interpretação de leis e estatutos, entre outras.

Assim, promover o contato com essas habilidades desde cedo ajuda no processo de transformação e cidadania. Logo, é fundamental para que o aluno se insira na sociedade, aja de modo crítico, interaja positivamente e proponha soluções.

Alguns gêneros textuais desse campo:

Campo jornalístico-midiático

As práticas de leitura e produção do campo jornalístico-midiático se conectam com as de atuação na vida pública.

O campo tem o objetivo de ampliar o contato e o entendimento das crianças e jovens com a informação e opinião.

Para além de desenvolver a escuta, leitura e produção de textos, ele pretende desenvolver o interesse pelos fatos que acontecem na sua comunidade, cidade e no mundo e como eles afetam a vida das pessoas.

Alguns gêneros textuais desse campo:

BNCC Linguagem: competências específicas

Além das 10 competências gerais, a área de Linguagens também tem suas competências específicas que devem ser garantidas pelo desenvolvimento das habilidades. 

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LINGUAGENS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.
Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo.
Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.
Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.

BNCC Lingua Portuguesa: competências específicas

Dentro das competências de linguagens, encontramos a língua portuguesa com suas competências específicas.

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem. 
Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como forma de interação nos diferentes campos de atuação da vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de participar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social.
Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo.
Compreender o fenômeno da variação linguística, demonstrando atitude respeitosa diante de variedades linguísticas e rejeitando preconceitos linguísticos.
Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de linguagem adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual.
Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados em interações sociais e nos meios de comunicação, posicionando-se ética e criticamente em relação a conteúdos discriminatórios que ferem direitos humanos e ambientais.
Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negociação de sentidos, valores e ideologias.
Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo com objetivos, interesses e projetos pessoais (estudo, formação pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho).
Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura.
Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais.

Dicas para adaptar a aula de Português à BNCC

Como vimos neste post, a BNCC reforça a necessidade de construir currículos contextualizados com o ambiente do estudante, a partir do entendimento de que a linguagem é o ponto de conexão entre as áreas do conhecimento.

Por isso, as habilidades focam nas novas formas de produzir e consumir informação na internet.

Então, a escola tem a demanda de contemplar essas práticas, não apenas no uso qualificado das TDICs, mas também de construir um debate sobre seus usos.

  1. Defina um gênero textual para aprofundar o assunto

A escola tem que trabalhar com uma variedade de gêneros textuais, mas cabe ao professor escolher alguns desses gêneros para aprofundar os estudos. Dessa forma, é possível levar para o aluno diferentes exemplos do gênero para que ele construa um repertório.

  1. Ensine regras gramaticais contextualizadas

A análise linguística é um dos eixos temáticos do componente curricular. Entretanto, a BNCC propõe o seu ensino não com base no conteúdo em si, mas de maneira contextualizada nas práticas sociais.

Dessa forma, o estudo da gramática deve acontecer junto das práticas de leitura, escrita e oralidade. Além da memorização de regras ser substituída pela compreensão das formas de uso nos gêneros textuais.

  1. Estimule a leitura crítica

O campo de atuação da vida cotidiana e o jornalístico-midiático deixam claro que uma das preocupações da Base é desenvolver o pensamento crítico e a curadoria consciente de informações.

Assim, a fim de lidar com as diversas fontes de informação e identificar notícias falsas, é importante que o aluno:

Conclusão

A Base Nacional Comum Curricular vem para garantir que a educação tome caminhos igualitários no ensino brasileiro.

Para proporcionar essa igualdade aos seus alunos, uma ferramenta de tutoria online pode ser bem interessante, já que reduz os desníveis escolares.

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