A educação ambiental na escola tem se tornado uma poderosa ferramenta de transformação social e ecológica em todo o Brasil. Atualmente, vemos instituições de ensino que estão revolucionando suas práticas pedagógicas ao incorporar princípios sustentáveis no dia a dia dos estudantes.

Além disso, a importância da educação ambiental vai muito além da simples conscientização. Quando trabalhamos este tema desde cedo, formamos cidadãos verdadeiramente comprometidos com o futuro do planeta.

Certamente, o papel da escola na educação ambiental é fundamental, pois é neste ambiente que as crianças passam grande parte de seu tempo e desenvolvem valores essenciais.

Neste artigo, vamos mostrar como sair da teoria e transformar boas intenções em ações concretas. Boa leitura!

O que é educação ambiental?

Entender o conceito de educação ambiental é o primeiro passo para compreender seu impacto nas escolas brasileiras. Trata-se de um processo educativo fundamental que está até mesmo garantido em nossa legislação.

Definição simples e acessível de educação ambiental

A educação ambiental vai além de ensinar ecologia. Segundo a Lei nº 9795/1999, ela envolve a construção de valores, atitudes e competências voltadas à sustentabilidade.

De forma prática, trata-se de formar pessoas conscientes do seu papel na preservação ambiental, estimulando responsabilidade individual e coletiva.

Por meio de atividades integradas à comunidade, promove comportamentos transformadores que impactam tanto o meio natural quanto o social.

Objetivos principais da educação ambiental

Os objetivos da educação ambiental foram estabelecidos a partir de conferências internacionais e orientam as atividades em todo o mundo. Entre eles, destacam-se:

  • Fomentar atividades sustentáveis no cotidiano
  • Fortalecer uma mentalidade centrada no meio ambiente
  • Incentivar ações que diminuam o aquecimento global
  • Promover reflexão sobre atitudes prejudiciais ao meio ambiente
  • Desenvolver consciência ecológica na sociedade

Além disso, a educação ambiental busca reconhecer valores e clarificar conceitos, objetivando o desenvolvimento de habilidades que modificam as atitudes em relação ao meio ambiente.

Ela está relacionada também com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida.

A importância da educação ambiental na escola

A integração da educação ambiental na escola é essencial para formar cidadãos conscientes e comprometidos com a sustentabilidade. 

Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), cerca de 1,5 milhão de espécies estão ameaçadas de extinção devido às atividades humanas, e mais de 8 milhões de toneladas de plástico são lançadas nos oceanos a cada ano.

Diante desses números alarmantes, a educação ambiental nas escolas exerce uma função de destaque na formação de cidadãos do futuro. Ela ajuda a desenvolver uma consciência sustentável desde cedo, transformando os estudantes em agentes de mudança capazes de construir um mundo mais verde.

Quando trabalhada desde a infância, a educação ambiental proporciona experiências práticas e reflexões sobre questões ambientais, desenvolvendo nos estudantes habilidades para enfrentar desafios como as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade.

Portanto, a educação ambiental escolar não é apenas uma disciplina adicional, mas uma dimensão educativa que imprime ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos.

A legislação e o papel da escola na educação ambiental

No Brasil, a base legal para a educação ambiental foi estabelecida em 1999, criando um marco que direciona como as instituições de ensino devem abordar esse tema essencial para o futuro sustentável do país.

A Lei nº 9.795/1999 e seus princípios

A Política Nacional de Educação Ambiental, instituída pela Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, define a educação ambiental como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente”.

Além disso, estabelece que ela deve ser um “componente essencial e permanente da educação nacional”.

Os princípios fundamentais dessa legislação incluem:

  • Enfoque humanista, holístico, democrático e participativo
  • Concepção do meio ambiente em sua totalidade
  • Pluralismo de ideias e concepções pedagógicas
  • Vinculação entre ética, educação, trabalho e práticas sociais
  • Garantia de continuidade e permanência do processo educativo
  • Abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais

Como a legislação orienta as escolas

De acordo com a lei, a educação ambiental “não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino”, mas sim desenvolvida “como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal”.

A legislação determina ainda que a dimensão ambiental deve constar nos currículos de formação de professores, e que estes devem receber formação complementar para atender adequadamente aos princípios da Política Nacional de Educação Ambiental.

O papel da escola na formação de cidadãos conscientes

As escolas representam o primeiro contato dos jovens com a sociedade organizada, tornando-se espaços privilegiados para desenvolver valores sustentáveis. Conforme destacado pela UBES, o ambiente escolar vai além do currículo tradicional, promovendo debates sobre temas como sustentabilidade e incentivando a participação ativa na sociedade.

No contexto ambiental, as instituições educativas têm a responsabilidade de promover atividades práticas que conectem os estudantes com questões ecológicas, como projetos de hortas escolares, campanhas de reciclagem e iniciativas de preservação das áreas verdes.

Essas experiências fortalecem o vínculo dos alunos com a temática ambiental e tornam o aprendizado mais significativo.

Como trabalhar educação ambiental na escola na prática

Transformar teoria em prática é o desafio central da educação ambiental na escola. Projetos concretos que envolvem alunos em experiências reais fazem toda a diferença na formação de cidadãos ambientalmente conscientes.

Veja 5 formas de trabalhar a educação ambiental na escola:

1. Hortas escolares e agricultura urbana

As hortas escolares proporcionam experiências valiosas que vão além do simples cultivo. Quando estudantes participam dessas atividades, desenvolvem criatividade, solidariedade e responsabilidade através do trabalho em equipe. 

Além disso, compreendem os perigos dos agrotóxicos e a importância de uma alimentação saudável, modificando seus hábitos alimentares.

Uma horta escolar pode começar de forma simples, com pouco espaço e materiais acessíveis. Veja um exemplo prático:

  • Espaço: use um pequeno canteiro, vasos reciclados, caixotes ou garrafas PET para hortas verticais;
  • Plantas fáceis de cultivar:
    • Alface;
    • Cebolinha;
    • Manjericão;
    • Tomate-cereja;
  • Organização: alunos podem revezar os cuidados com rega, colheita e observação do crescimento;
  • Integração pedagógica: os alimentos colhidos podem ser usados em lanches coletivos ou em atividades das aulas de ciências.

Mesmo com poucos recursos, a horta já promove senso de responsabilidade, consciência ambiental e hábitos alimentares mais saudáveis.

2. Campanhas de reciclagem e coleta seletiva

A coleta seletiva nas escolas contribui para a redução do excesso de lixo, separando materiais como papel, plástico e vidro para reaproveitamento. Algumas instituições já implementam ecopontos onde os estudantes descartam corretamente diferentes materiais, desenvolvendo senso de responsabilidade e engajamento coletivo.

Veja como é possível aplicar na escola algumas ações práticas que ensinam os alunos a cuidar do planeta no dia a dia:

  • Criação de ecopontos: instale lixeiras ou caixas coloridas para separar papel, plástico, vidro, metal e óleo de cozinha;
  • Atividades educativas: promova rodas de conversa, jogos ou concursos sobre reciclagem e descarte correto;
  • Engajamento coletivo: estimule que os próprios alunos organizem as campanhas e se tornem multiplicadores da ideia.

A prática desenvolve senso de responsabilidade ambiental e fortalece o trabalho em equipe desde os primeiros anos escolares.

3. Trilhas ecológicas e visitas a parques

As trilhas ecológicas oferecem contato direto com a natureza, promovendo experiências que unem lazer, aventura e conscientização ambiental. Estas atividades incentivam os participantes a observar, aprender e valorizar a biodiversidade.

Veja como colocar em prática:

  • Planejamento simples: organize visitas a parques próximos, áreas de mata, jardins botânicos ou trilhas urbanas acessíveis;
  • Atividades durante o percurso:
    • Observação de plantas, animais e sons da natureza;
    • Registro em cadernos de campo com desenhos ou anotações;
    • Coleta de folhas caídas ou sementes (sem danificar o ambiente);
  • Rodas de conversa ao ar livre: ao final da trilha, promova reflexões sobre o que foi visto e o impacto da ação humana na natureza;
  • Parcerias locais: envolva guias ambientais, ONGs ou órgãos públicos para enriquecer a experiência com informações e segurança.

Essas vivências despertam o cuidado com o meio ambiente de forma lúdica e memorável, aproximando teoria e prática no processo educativo.

4. Palestras, debates e semanas temáticas

A Semana de Educação Ambiental, realizada anualmente na primeira quinzena de junho, proporciona atividades planejadas de modo integrado em todos os componentes curriculares. Estas semanas temáticas funcionam como momentos de culminância das práticas pedagógicas desenvolvidas ao longo do ano letivo.

  • Atividades sugeridas:
    • Palestras com biólogos, ambientalistas ou representantes de ONGs;
    • Debates sobre temas como mudanças climáticas, consumo consciente e biodiversidade;
    • Exposições de trabalhos, maquetes e cartazes produzidos pelos alunos.
  • Envolvimento da comunidade: convide famílias e parceiros externos para prestigiar ou contribuir com oficinas e apresentações;
  • Culminância anual: use a semana temática como encerramento simbólico das ações sustentáveis realizadas ao longo do ano.

Esse tipo de mobilização fortalece o protagonismo estudantil e transforma a escola em um espaço ativo de educação ambiental.

5. Projetos de conscientização com a comunidade

Projetos de conscientização com a comunidade fortalecem a relação entre escola e território, mostrando que a educação ambiental gera impacto real. Veja como desenvolver:

  • Ações práticas em espaços públicos: organize mutirões de limpeza em praças, córregos, calçadas ou áreas verdes do bairro;
  • Exemplo inspirador: estudantes do Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek (DF) limparam o Córrego Guará, recolheram 2 toneladas de lixo e plantaram 1.200 mudas. A ação gerou até o Projeto de Lei 1.974/16;
  • Etapas da ação:
    • Diagnóstico do local com os alunos;
    • Planejamento e mobilização da comunidade;
    • Realização da ação com registros fotográficos e relatos;
    • Apresentação dos resultados para a escola e parceiros;
  • Integração curricular: envolva disciplinas como geografia, ciências, artes e português para enriquecer o projeto.

Essas iniciativas mostram aos estudantes que sua participação pode transformar realidades e influenciar políticas públicas locais.

Integração da educação ambiental com outras disciplinas

A abordagem interdisciplinar fortalece o trabalho pedagógico com educação ambiental. Quando integrada a disciplinas como Ciências, Geografia e Matemática, a temática ambiental proporciona um aprendizado mais significativo e conectado aos desafios reais.

O método de projeto em sala de aula, construído coletivamente, acompanha a troca dos conhecimentos aprendidos na escola e fora dela. Consequentemente, o trabalho pedagógico concentra-se nas realidades de vida mais imediatas, agregando os conhecimentos científicos produzidos pela humanidade.

Exemplos interdisciplinares da educação ambiental escolar

A Integração da educação ambiental com outras disciplinas torna o aprendizado mais relevante e contextualizado. Veja como aplicar na prática:

  • Ciências
    • Estudo da compostagem e decomposição do lixo orgânico;
    • Análise da qualidade da água de torneiras ou rios locais;
    • Observação e catalogação da flora e fauna da escola.
  • Geografia
    • Mapas de uso do solo e impactos ambientais da região;
    • Comparação entre biomas brasileiros e desmatamento;
    • Leitura de imagens de satélite e discussão sobre queimadas.
  • Matemática
    • Gráficos sobre consumo de água e energia na escola;
    • Cálculo de economia com coleta seletiva e reaproveitamento;
    • Medição de áreas verdes ou do crescimento de plantas na horta.
  • Língua Portuguesa e Artes
    • Produção de textos argumentativos ou cartas para o poder público;
    • Criação de campanhas, cartazes, poemas e vídeos educativos;
    • Exposições com materiais recicláveis e releituras artísticas.

Ao articular o conteúdo ambiental com o currículo, os alunos compreendem melhor sua realidade e são estimulados a agir sobre ela.

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Como medir o sucesso de um projeto de educação ambiental

Para avaliar a eficácia de projetos ambientais, as escolas precisam definir critérios específicos como consumo de produtos, descarte correto do lixo e relação com as plantas do colégio. O uso de tecnologia para criar indicadores e métricas facilita o acompanhamento do progresso.

Uma metodologia eficaz é o SROI (Social Return on Investment), que converte em valores monetários as transformações ambientais, sociais e econômicas decorrentes da implementação dos projetos. 

Estudos utilizando essa metodologia demonstraram que para cada 1 real investido em projetos socioambientais, são gerados em média R$ 4,70 em benefícios para o meio ambiente e a sociedade.

Métricas para o sucesso do projeto ambiental escolar

Avaliar resultados é essencial para garantir a continuidade e o impacto das ações. Veja como fazer isso de forma simples e eficiente:

  • Indicadores práticos a serem observados:
    • Redução no consumo de papel, água ou energia na escola;
    • Aumento na separação correta do lixo (coleta seletiva);
    • Participação dos alunos nos cuidados com hortas e jardins;
    • Nível de engajamento em campanhas e projetos comunitários.
  • Ferramentas de acompanhamento:
    • Planilhas mensais com dados de consumo e descarte;
    • Fotos de “antes e depois” das ações ambientais;
    • Questionários rápidos com alunos e professores.
  • Tecnologia como aliada:
    • Aplicativos de registro e acompanhamento de resíduos;
    • Painéis com metas e avanços ambientais da escola.

Medir o impacto não precisa ser complexo, basta acompanhar o que muda no comportamento, nos espaços e na consciência ambiental da escola.

Conclusão

A educação ambiental é uma ferramenta poderosa de transformação. Projetos como hortas, reciclagem e trilhas ecológicas ajudam a formar alunos mais conscientes e engajados com o cuidado ambiental.

Integrar essa temática ao currículo torna o aprendizado mais significativo e prático. Vai além do conteúdo: forma cidadãos comprometidos com a sustentabilidade e a coletividade.

Quando a escola assume esse papel, os efeitos se espalham para famílias e comunidades. Educar para o meio ambiente é investir no presente com responsabilidade pelo futuro.

Referências

https://www.imasul.ms.gov.br/conceitos-de-educacao-ambiental/

https://portal.unit.br/blog/noticias/a-importancia-da-educacao-ambiental-na-formacao-dos-estudantes/

https://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf

https://lunetas.com.br/projetos-meio-ambiente-criancas-jovens/