41 ferramentas para aulas online

Como será o futuro das escolas do Brasil? Foi com essa provocação que o Congresso Brasileiro de Gestão Educacional – Geduc 2021 reuniu mais de 800 líderes educacionais para falar sobre gestão escolar e tecnologia.

Ao longo de uma semana de atividades, especialistas dos principais ramos da educação abordaram as tendências dos modelos de ensino e das ferramentas digitais.

Em sua 19ª edição, o congresso aconteceu pela primeira vez de forma 100% remota. Em pauta, o principal tema debatido foi como gestores e educadores estão se preparando em relação à aceleração do uso de tecnologias.

Dividida em blocos de palestras e painéis, workshops e masterclasses, a programação do Geduc 2021 apresentou temas como ensino híbrido, liderança educacional, gestão ágil, aprendizado ativo e marketing educacional.

Neste artigo, vamos falar de alguns tópicos relevantes do congresso para ampliar o debate sobre a digitalização da educação e as tendências que veremos nas salas de aula no futuro. Boa leitura!

Gestão escolar e tecnologia construindo a educação do futuro

gestão escolar e tecnologia

Em um presente tão desafiador, cabe uma pergunta: como será o futuro da educação depois da pandemia? A pesquisadora Ligia Zotini, fundadora do Voicers, grupo dedicado à democratização do acesso às tecnologias e tendências futuras, trouxe uma provocação interessante.

Para Lígia, pensar a partir da inversão do termo, de “futuro da educação” para a “educação do futuro”, coloca o humano no protagonismo das mudanças, em resposta aos anseios e medos relacionados à digitalização do ensino.

"Ainda estamos rompendo as barreiras de internet para todos no nosso país. Porém, a barreira de entrada das novas tecnologias deve ficar menor com o tempo. A adoção de tecnologias servem para dar repertório para o futuro. Num futuro próximo, vamos encontrar a realidade das tecnologias imersivas, vamos ganhar camadas digitais em cima do mundo biológico."

Lígia levanta a necessidade de combater o que chama de “Efeito Black Mirror” – brincando com o título da famosa série do Netflix – que seria a ideia de unir o melhor da tecnologia com o pior do ser humano. Para ela, viveremos um momento de virtualidade real, com o uso de camadas digitais em cima do mundo biológico.

Ela nos conta que em um futuro próximo, vamos encontrar a realidade das tecnologias imersivas, abrindo uma possibilidade de educação interessante, principalmente com a entrada do 5G no país. 

Holografia, computação espacial, Imersão na história do passado. A imersão vai deixar para trás o conhecimento como diferencial, transformar o conhecimento em commodity, assim como a informação. O diferencial na educação vai ser a minha capacidade de experimentar coisas, explica Lígia.

Vuca vs Bani

Um conceito muito debatido é a transição do mundo VUCA para o mundo BANI, referência que aborda questões presentes na geração atual, como relações mais frágeis, pessoas mais ansiosas, percepção do tempo não linear e dificuldades de compreender o mundo.

Os estudantes que chegam à educação básica trazem consigo todas as características dessa geração, o que força uma mudança de postura nas escolas. Um dos caminhos apontados durante o Geduc é a digitalização da educação, com processos otimizados que ajudam desde a gestão escolar ao aprendizado dos alunos.

A intencionalidade do uso da tecnologia deve ser clara para a escola, professores e estudantes. Com um objetivo bem definido, os benefícios dos artefatos digitais superam os impactos negativos, como explica Dali Alonso, diretora da Vereda Educação e palestrante do Geduc 2021.

“Acredito que a tecnologia será fundamental para conseguirmos mapear as necessidades e as formas de aprendizagem de cada estudante e proporcionar um ensino muito mais personalizado, esse é o desafio que devemos encarar de frente, quando pensamos em tecnologias dentro da educação."

Quais são os principais desafios para digitalizar a educação básica no Brasil?

Falta de estrutura, desigualdade social, políticas públicas educacionais insuficientes, são muitos os desafios que a educação brasileira encontra ao tentar expandir a digitalização dos processos de ensino.

Embora esteja presente nas competências gerais da BNCC, os dados mostram que a cultura digital ainda enfrenta dificuldades para se adaptar no país, para quebrar essa barreira, precisamos promover a inclusão digital.

Luciano também destaca a falta de qualificação profissional para atender às demandas digitais na escola. Presente na fala de vários convidados do congresso, a capacitação de professores para o uso crítico, criativo e transformador das tecnologias é uma demanda urgente.

Para além do desafio de capacitar e desenvolver professores para as novas competências do séc. XXI, Rodrigo Santos, gerente de educação digital da Yduqs, também alerta para a necessidade de expandir a cultura digital para a comunidade escolar.

“Nós temos que questionar como que o meu professor compreende a necessidade de transmissão de conhecimento para determinados grupos de alunos. Haverá cada vez mais caminhos de permitir que o aluno permaneça próximo do seu professor, por processos de tutoria online, por exemplo, ou ainda com a aplicação do ensino adaptativo e forma mais organizada."

Incluir tecnologias nos processos utilizados pela escola deve ser algo alinhado ao projeto político pedagógico da instituição, e não uma simples adição de recursos. 

Além disso, as escolas precisam estar preparadas com objetivos claros e times multidisciplinares, prontos para atender as demandas de forma ágil.

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O ganho no aprendizado que as tecnologias educacionais possibilitam é ligado às metodologias ativas de aprendizagem e a monitores preparados para trabalhar com as ferramentas.

“Principal desafio é a metodologia, quando falamos da educação básica, há necessidade de um tutor, alguém para acompanhar esse processo. Precisamos ter um cuidado para que a tecnologia seja um complemento para o ensino. O aprendizado vai moldar o que ela vai ser daqui para frente.”

O desafio da sociabilidade

Como ficou bem claro durante a pandemia, digitalizar o ensino não diz respeito somente à adoção de tecnologias. A socialização e o convívio dos estudantes são fatores essenciais no processo de ensino aprendizagem, e é algo que as escolas precisam estar atentas.

Principalmente quando temos uma geração com características tão marcantes:

A visão dos especialistas é de que a tecnologia ainda não conseguiu substituir a falta da interação social que o ensino à distância impõe nos alunos e professores. Nesse sentido, reforça-se a importância de adotar estratégias de ensino híbrido e metodologias ativas de aprendizagem nas escolas.

Ensino Híbrido e Metodologias Ativas: o que é essencial para o pós-pandemia?

Recentemente, o ensino híbrido ganhou protagonismo nas escolas brasileiras, mas o ensino remoto emergencial intensificou o debate sobre o tema.

Associado às metodologias ativas de aprendizagem, o blended learning potencializa o desempenho dos alunos, ao oferecer uma abordagem que une a tecnologia com momentos presenciais.

Lilian Bacich, pesquisadora referência sobre o tema no Brasil, trouxe em sua palestra perspectivas sobre a utilização de modelos pedagógicos no ensino híbrido durante e depois da pandemia.

Ela chama a atenção para a necessidade de ver o ensino híbrido como uma experiência integrada de aprendizagem, de forma que o aluno possa controlar o ritmo, espaço e tempo.

Dessa forma, o estudante é colocado no centro do processo pedagógico.

“Se eu entendo que o híbrido é só transmitir a aula ao vivo, o aluno não controla nada, pelo contrário, ele tem que ficar muito atento para assistir naquele momento. Mas quando eu penso que o estudante está no centro do processo, aí eu penso nos modelos que o estudante pode começar a construir”, comenta Lilian.

Sala de Aula do Futuro

Fica bem claro que em um cenário pós-pandêmico a sala de aula mudou drasticamente.

Por isso, algumas características se tornam essenciais para deixarmos de lado o ensino tradicional e pensarmos em como podemos fazer melhor sempre:

Modelos pedagógicos no ensino híbrido e a retomada das aulas presenciais

Lilian Bacich chama a atenção para os cuidados que gestores e educadores devem ter ao adotar os modelos pedagógicos de ensino híbrido.

É preciso exercitar os modelos sustentados, como a sala de aula invertida e a rotação por estações no ensino remoto.

Um destaque apontado pela pesquisadora foi a necessidade de desenvolver o TPACK (Technological Pedagogical Content Knowledge), modelo teórico que descreve os conhecimentos que o professor deve ter para um planejamento efetivo das aulas.

O TPACK trabalha na intersecção entre o quanto é importante saber o conteúdo no desenvolvimento das habilidades e objetivos de aprendizagem.

Assim, como o aluno aprende melhor a partir do professor e quais os recursos tecnológicos necessários para os alunos aprenderem melhor são algumas das preocupações.

“Isso é fundamental para que a gente realmente utilize o digital como propósito, desenvolvendo o que a BNCC traz como Cultura Digital, um objetivo muito forte a ser desenvolvido na escola, e olhando para as características dos estudantes”, explica Lilian.

Por que as escolas precisam mudar?

A digitalização do ensino é vista por especialistas em gestão como diferencial competitivo para escolas. Com a experiência da pandemia, a comunidade escolar vai estar cada vez mais atenta ao que a escola oferece como inovação.

Ter tecnologias à disposição será apenas o básico: as escolas precisarão apresentar como essas ferramentas trazem impactos positivos para o aprendizado dos alunos. 

Nesse contexto, dominar as estratégias de ensino híbrido, oferecer tutoria digital para os alunos e ter sistemas de gestão em nuvem podem elevar a escola frente à concorrência.

Raphael Coelho, CEO do TutorMundi, trouxe uma palestra sobre como as escolas podem utilizar o ensino híbrido como diferencial para se destacar das concorrentes do mercado.

Assim, com o diferencial de atender às dúvidas dos estudantes quando e onde elas surgem através de um aplicativo de celular, a tutoria permite que as escolas ofereçam autonomia para o aluno.

“A tecnologia foi vista, por muito tempo, como um problema em sala de aula, mas hoje podemos provar que essas ferramentas são na verdade poderosas aliadas dos professores, e são fundamentais para o desenvolvimento educacional”

A tendência global das experiências digitais

Como salienta a professora Thuinie Daros, co-fundadora da Téssera Educação, as instituições de ensino no mundo todo estão focadas na transformação dos seus processos.

As escolas estão fornecendo experiências digitais, modelos cada vez mais híbridos, e fomentando a inovação e a criatividade.

Isso por meio de uma arquitetura educacional que promove experiências mais ativas e significativas.

“Por isso, um dos maiores desafios é transformar a sala de aula convencional. Seja presencial ou on-line, ela precisa ser reinventada. A sala de aula precisa ser digital. Refere-se ao desenvolvimento do conjunto de atividades previstas por meio do suporte tecnológico, que se integram e interconectam, otimizando os processos, favorecendo e intensificando a aprendizagem dos estudantes.”

A professora chama atenção para a necessidade de mudança da cultura e no mindset em relação ao que seria uma sala de aula digital.

Isso pois vai além de um simples aparelhamento tecnológico ou da automatização de atividades do cotidiano educacional, pois a digitalização também passa por reconfigurações da postura em sala de aula.

“É preciso repensar no papel do professor, para um novo conjunto de tarefas e atribuições, colocando-o também no centro da aprendizagem. Assim como o estudante, o professor também passa a ser protagonista, porém, atuando de novas e diversas maneiras”, finaliza.

Além disso, outro fator que favorece a digitalização dos processos de ensino diz respeito ao perfil dos estudantes que estão entrando hoje na educação básica. 

Segundo Tarcísio M. Villela, diretor da Great Schools, para conquistar os “nativos digitais”, geração que nasceu imersa no mundo digital, a escola precisa se adaptar. 

"A adoção de alternativas tecnológicas é uma necessidade premente. Estamos lidando com uma geração de nativos digitais, portanto, usar ferramentas tecnológicas, além de economicamente viável, pode obter mais engajamento e aproveitamento."

Assim, técnicas para oferecer uma experiência mais alinhada com a demanda dos nativos digitais se tornam essenciais para garantir a competitividade das escolas. Algumas abordagens que estão levando a ótimos resultados são:

Conclusão

A digitalização do ensino não é uma tendência passageira, ela faz parte da realidade das escolas e traz benefícios significativos para o aprendizado dos estudantes. Entender o uso dessas ferramentas para além da tecnologia será o diferencial das escolas inovadoras.

Por isso, eventos como o Geduc 2021 são fundamentais para iluminar os caminhos que devem ser trilhados em direção a uma gestão escolar conectada com o futuro.

Ouvir a perspectiva de especialistas e profissionais que dedicam o tempo para estudar tecnologias educacionais favorece, e muito, o desenvolvimento pessoal do professor.

Então, gostou de saber um pouco sobre o que foi o Geduc 2021? Baixe também nosso guia de metodologias ativas para escolas! É grátis 😉